Economia & Mercados
26/11/2020 12:03

Exclusivo: BR entra na comercialização de energia "para não perder cliente", diz Grisolia


Por Denise Luna

Rio, 26/11/2020 - A primeira aquisição da BR Distribuidora após a privatização amplia o portfólio da empresa para negociações de energia elétrica no mercado livre e abre espaço para outros negócios no futuro, como a comercialização de gás natural e eletricidade nos postos de abastecimento, informou ao Broadcast o presidente da BR Distribuidora, Rafael Grisolia. Ele diz ter por objetivo "não perder nenhum cliente".

"Depois da privatização, a gente começou a solidificar melhor a visão da BR, que é entender que tudo o que a gente faz é entregar energia para a sociedade", disse Grisolia logo após o anúncio da compra de 70% da comercializadora de energia Targus por R$ 62,1 milhões.

Apesar de estimar que o uso de combustíveis no Brasil ainda vai durar por décadas - pelas alternativas que o País tem em biocombustíveis -, Grisolia quer estar preparado para as mudanças que estão acontecendo na área de energia, mas cujo ritmo de implantação depende mais da sociedade do que da vontade dos empresários.

"As pessoas é que vão determinar se vão comprar carro elétrico ou não, se a indústria vai querer usar gás em vez de óleo. A sociedade vai se transformando e, se amanhã você for comprar um carro elétrico, eu não quero te perder como cliente", explicou, ressaltando que o carro elétrico deverá chegar um dia ao Brasil, "mas será bem mais devagar do que foi nos países do norte da Europa".

Segundo ele, após a regulamentação do Novo Mercado de Gás, que ainda tramita no Senado Federal, deverá ser desenvolvida a figura do comercializador de gás natural no Brasil. "Não vai haver só o produtor ou importador, é possível comercializar o gás natural ou Gás Natural Liquefeito (GNL) um pouco mais à frente, o que deverá ser feito em parceria com a Golar Power".

"O futuro do mercado de gás caminha nessa direção de ter agentes que compram o gás e oferecem soluções diferenciadas para seus clientes, levar por modal rodoviário ou duto e oferecer soluções customizadas para os clientes um pouco mais à frente", explicou.

No momento, a nova subsidiária Targus vai se beneficiar dos 14 mil clientes B2B da BR e dos seus mais de 7.700 postos espalhados pelo País. Pequenas e médias indústrias, empresas de ônibus, transportadoras, produtores agrícolas, entre outros, que já fazem parte da carteira de clientes da BR, poderão também se tornar clientes da comercializadora.

"Um revendedor que não saiba comprar energia no mercado livre vai poder fazer com a gente, pequenas e médias indústrias que não tenham como negociar. A gente entrega agora essa opção para os nossos clientes que preferem energia mais limpa", afirmou. "A visão futura é ter mais energia para a gente entregar", completou.

De acordo com Grisolia, toda a diretoria da Targus vai permanecer na empresa e a BR terá um diretor comercial e membros no Conselho de Administração. E, apesar de ter adquirido o controle da companhia, o executivo prefere classificar o novo passo como uma parceria, tendência que não ficará apenas no negócio com a Targus.

"A gente estuda parcerias com GNL com a Golar; a gente estuda parceria com as Lojas Americanas na área de conveniência; de comercialização de etanol. Parceria é um caminho, sim, que a gente acha importante. Não vamos avançar só com parcerias, mas é um caminho que a gente vai testar mais", finalizou.

Contato: denise.luna@estadao.com
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