Rio, 03/07/2018 - O vilão da inflação da indústria no mês de maio foi a valorização do dólar em relação ao real, avaliou Alexandre Brandão, gerente do Índice de Preços ao Produtor (IPP) divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a greve dos caminhoneiros exerceu uma pressão secundária, nada disseminada sobre os preços dos produtos industriais na porta de fábrica em maio.
"Alguns setores indicaram principalmente um aumento de matérias-primas. As matérias-primas ficaram mais caras por causa da greve. Mas não é explicação direta, não foi o que mais chamou atenção no IPP de maio", disse Brandão.
O IPP subiu 2,33% em maio, com avanços disseminados entre as atividades pesquisadas. Os principais impactos foram dos reajustes em refino de petróleo e derivados e em alimentos. O primeiro setor foi influenciado pela cotação internacional do petróleo e pela alta do dólar, que têm sido repassados aos preços das refinarias conforme a política de preços adotada pela Petrobrás.
No caso dos alimentos, houve pressão também do câmbio e da quebra de safra na Argentina, que encareceu algumas commodities, como derivados da soja e trigo.
O setor mais impactado pela greve foi o de Outros Produtos Químicos, que teve dificuldade para levar o produto aos portos e receber matérias-primas. Então houve aumento de preços, embora o setor acompanhe o mercado internacional, lembrou Brandão.
O IBGE calcula que o dólar tenha registrado valorização de 6,7% em relação ao real apenas no mês de maio. "A alta do dólar não tem um efeito direto, mas é um dos principais fatores de pressão no IPP", apontou Brandão.
Setores tradicionalmente exportadores estão entre os que registraram maior elevação de preços em maio: fumo (4,80%), outros equipamentos de transporte (4,63%), papel e celulose (3,93%) e madeira (3,48%). (Daniela Amorim - daniela.amorim@estadao.com)