Economia & Mercados
25/11/2020 20:25

Bradesco/Lazari Jr.: Inadimplência está muito abaixo do que nós esperávamos


Por Renato Carvalho

São Paulo, 25/11/2020 - O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr., disse há pouco, em live promovida pelo Foro Inteligência, que os níveis de inadimplência nas operações de crédito do banco estão abaixo do esperado. "Nós tivemos R$ 74 bilhões em crédito prorrogado por conta da pandemia. E R$ 68 bilhões já regularizaram seus pagamentos e estão em dia", afirma. Mesmo assim, o executivo acredita que haverá um pico de atrasos nos pagamentos de parcelas no segundo trimestre de 2021, por conta do desemprego e do fim do auxílio emergencial.

Mas Lazari afirma que as provisões feitas pelo banco, especialmente no segundo trimestre, serão suficientes para fazer frente a essa piora na inadimplência. "Nós fizemos provisões pensando em cenários parecidos com os de 2016 e 2018, e com certeza não vamos chegar a esse ponto". O presidente do Bradesco diz que "2021 será um ano de recuperação, com certeza".

Sobre o aumento da concorrência, Lazari Jr. ressalta que este é um fenômeno global, acentuado pela queda dos juros a patamares mínimos históricos. "Hoje, nós temos somente 13 bancos entre as 100 maiores empresas do mundo. Este número já foi muito maior". Ele afirma que a concorrência é muito bem vinda, e lembra que o Bradesco tem investimentos em 25 fintechs. "A nossa preocupação é que se mantenha uma simetria regulatória. A atividade bancária é muito regulada, e não se pode destruir o que construímos em todos este anos".

Ainda no que diz respeito à concorrência, o presidente do Bradesco comentou a situação da Cielo, controlada pelo banco. "Nós vimos que a participação de mercado da Cielo caiu rapidamente com o crescimento dos concorrentes. Hoje, Stone e PagSeguro, por exemplo, são vistas como empresas de tecnologia. E o desafio é fazer a Cielo ser percebida da mesma forma", diz Lazari.

Sobre o open banking, o executivo lembra que as regras no Brasil são muito mais abrangentes que em outros países, e com prazo de implementação menor. "Nós pedimos o adiamento da implementação, por conta da pandemia. Estamos com um pedido para ser adiado para janeiro e fevereiro. Na minha visão pessoal, teria que adiar por mais um ano, pela complexidade do sistema". Ele lembra que o sistema financeiro brasileiro vai perder cerca de R$ 1 bilhão por fraudes neste ano. "Não é preciso ter tanta pressa".

Segunda onda

Sobre o risco de uma segunda onda da pandemia de covid-19 chegar ao Brasil, Lazari Jr. chegou a fazer um apelo. "Nós estamos muito próximos de uma vacina, talvez em mais alguns meses nós teremos ao menos uma das que estão em testes. Então, peço às pessoas um pouco mais de paciência, para conter os casos. Eu conversei com amigos médicos, e eles dizem que realmente o número de casos voltou a subir".

O presidente do Bradesco ressaltou também a importância das reformas estruturais para que a economia brasileira tenha uma dinâmica melhor. "Só o Bradesco tem 320 funcionários voltados somente para cuidar da parte tributária. É um custo muito grande. E são pessoas que poderiam estar voltadas para atividades mais produtivas, rentáveis, que gerariam mais lucro e assim, mais impostos". Ele destacou ainda a importância da reforma administrativa, para diminuir os custos do Estado.

Contato: renato.carvalho@estadao.com
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