Economia & Mercados
18/03/2022 09:12

Especial: sem acordo sobre preço, BrMalls rejeita segunda oferta de fusão com Aliansce


Por Circe Bonatelli

São Paulo, 17/03/2022 - O conselho de administração da BrMalls rejeitou a segunda proposta de fusão enviada pela Aliansce Sonae, uma sinalização de que um entendimento entre as empresas ainda está distante. Ambas são entusiastas da hipótese de fusão, o que daria origem ao maior conglomerado de shopping centers do País, com 69 unidades. Mas o preço continua sendo o impasse.

"Não somos contra o conceito de combinação entre empresas, mas somos fortemente contra os termos que a Aliansce propôs", afirma o presidente executivo da BrMalls, Ruy Kameyama, em entrevista ao Broadcast. "Estamos prontos para negociar uma combinação verdadeira de ativos, mas desde que valor oferecido aos acionistas seja justo", emenda.

Em janeiro, a Aliansce propôs uma fusão em que cada parte teria 50% de participação no novo grupo combinado. Os acionistas da BrMalls também receberiam R$ 1,35 bilhão em dinheiro. Na nova oferta, o desembolso subiu para R$ 1,85 bilhão e a fatia no negócio combinado seria de 48,92% para Aliansce ante 51,08% para BrMalls.

O novo lance é 11% maior que o original. Também embute um prêmio de 16% para as ações da BrMalls na cotação do início do ano, antes de a fusão começar a ser negociada - o que valorizou os papéis em Bolsa. Já perante o pregão da última sexta-feira, dia 11, implica em um prêmio de só 2% - o que não agradou nada os maiores acionistas da BrMalls.

A proposta vazou na imprensa domingo e só foi detalhada para a BrMalls na noite de quarta-feira, praticamente três dias depois. "Mandaram a proposta por e-mail. Não foi uma proposta conjunta. Essa é uma tentativa de aquisição hostil", relata Kameyama.

O maior problema continua sendo a ausência de pagamento de um prêmio de controle. Isso porque os principais acionistas da Aliansce (Renato Rique, CPPIB, Alexander Otto Group e Sonae Sierra) ficariam com uma fatia de 23,5% na nova empresa, o que lhes daria o comando na prática.

A título de referência, o executivo aponta que aquisições nesses termos desembocam em um prêmio superior a 40%. A Rede D'Or pagou 49% a mais sobre as ações para ficar com a Sulamérica, exemplifica. Ele também argumenta que os shoppings da BrMalls têm um desempenho 13,5% maior de vendas por metro quadrado, além de um lucro operacional (NOI, na sigla em inglês) 29% maior.

"Nossos shoppings têm produtividade substancialmente superior aos deles. E estão em posições dominantes nas suas regiões, além de contar com uma cliente com maior poder aquisitivo", acrescenta, ao argumentar que não caberia uma fusão sem contrapartida para os acionistas da BrMalls.

Kameyama diz que é difícil prever o rumo das negociações daqui em diante e reitera que a companhia permanecerá aberta a avaliar novas ofertas, seja da Aliansce ou de outros grupos. Mesmo sem uma eventual fusão, ele se diz tranquilo e confiante no plano estratégico em andamento: com foco em ampliar os canais digitais de vendas dos shoppings e o programa de fidelidade com clientes, além de obter um faturamento maior com a trégua da pandemia.

"Os próximos três anos serão de crescimento forte para a companhia em termos de receita e Ebitda. Isso virá tanto pela recuperação da receita com alugueis de lojistas e estacionamentos quanto pela maturação dos novos negócios", projeta o executivo.

Contato: circe.bonatelli@estadao.com
Para ver esta notícia sem o delay assine o Broadcast+ e veja todos os conteúdos em tempo real.

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados para o Grupo Estado.

As notícias e cotações deste site possuem delay de 15 minutos.
Termos de uso