Economia & Mercados
14/04/2022 09:20

Exclusivo: 2W Energia lança fintech com 'pegada ESG' e mira base maior para abertura do mercado


Por Luciana Collet

São Paulo, 13/04/2022 - A 2W Energia lança nesta quarta-feira sua fintech 2Wbank, uma iniciativa da comercializadora para ampliar a oferta de serviços para seus clientes e ao mesmo tempo se aproximar de novos públicos de olho na esperada futura abertura do mercado livre de energia, com a eliminação dos requisitos mínimos de adesão a este segmento e a permissão para que até mesmo consumidores de baixa tensão possam escolher seu fornecedor de eletricidade.

"Essa fintech é uma ponta de lança para também conseguirmos nos relacionar com novos públicos e novos mercados, sempre com o pano de fundo da energia renovável", disse o presidente da 2W, Claudio Ribeiro, ao Broadcast Energia. A expectativa da empresa é atingir 1 milhão de clientes em três anos, entre pessoas físicas e jurídicas, sendo a maior parte o primeiro grupo.

Se alcançar a meta, a comercializadora estará bem posicionada para aproveitar o esperado boom de consumidores residenciais que tenderá a migrar para o mercado livre, já que poderá incluir esse serviço no aplicativo da fintech.

O prazo de três anos estabelecido no plano da empresa pode ser até anterior à efetiva abertura do mercado livre, já que o projeto de lei 414/2021, em discussão no Congresso e que trata desse assunto, propõe 42 meses para que todos os consumidores possam aderir ao novo formato. O texto ainda precisa ser pautado no plenário da Câmara e, caso seja feita alguma alteração, voltará para análise do Senado, antes de seguir para sanção do presidente Jair Bolsonaro, que estabeleceu o tema como uma de suas prioridades para 2022.

Pegada ESG

O principal diferencial proposto pela empresa nessa iniciativa frente ao grande número de fintechs que surgem no mercado é a abordagem de sustentabilidade que apresenta. Por atuar com a oferta de energia, em especial de fontes renováveis, a 2W propõe, por meio da fintech, promover conhecimento na agenda ESG (governança ambiental, social e corporativa, na sigla em inglês), e ações ligadas à descarbonização e oferta de serviços e crédito condizentes com essa conduta, com taxas mais baixas se o cliente obedecer determinadas regras de conduta.

"Se no mercado financeiro se fala em inclusão financeira e democratização da informação, estamos falando a mesma coisa para ESG: queremos democratizar a informação e fazer a inclusão das pessoas na pauta ESG, mostrando os benefícios que elas vão ter após aderir a isso, então nos consideramos um habilitador para esse público que será nosso cliente", disse o diretor-presidente da 2Wbank, Sandro Almeida. Segundo ele, trata-se de uma das primeiras fintechs, se não a pioneira, com "pegada ESG" no País

"Estamos nos predispondo a traduzir ESG para as pessoas, queremos comunicar o benefício de embarcar nessa agenda e a melhor forma de fazer isso; e como ESG é um guarda-chuva amplo, naturalmente começamos pelo 'E' (environmental/ambiental), mas outras coisas virão, correlacionadas às outras letras", acrescentou. Segundo ele, a estratégia da 2Wbank para desenvolver os temas ligados ao social e governança corporativa pode incluir o estabelecimento de parcerias que ajudem a "mostrar os benefícios" para as pequenas empresas e seus clientes. A fintech já fechou uma parceria com o Bureau Veritas.

Para Ribeiro, o tema ESG chegará nas pequenas empresas pela demanda das grandes companhias com as quais operam, da mesma forma que anos atrás o compliance ultrapassou as fronteiras das grandes corporações, quando estas passaram a exigir de seus fornecedores o preenchimento de determinados requerimentos e padrões. "Vai ser a mesma coisa com ESG: começa pelas grandes, está chegando às médias e daqui a pouco vai estar nas pequenas", disse.

Produtos e Serviços

A comercializadora, que atua com foco em pequenas e médias empresas e também possui clientes pessoas físicas em seu negócio de geração distribuída, vai oferecer, por meio de sua fintech, diversos serviços financeiros e funcionalidades. A lista vai desde antecipação de recebíveis, linhas de financiamento, consórcios, seguros, atividades de educação em ESG e uma calculadora de crédito de carbono, entre outros produtos financeiros ou com relação direta com energia e sustentabilidade. Até mesmo uma maquininha de cartões está nos planos da empresa.

A fintech estabeleceu parceria com instituições como BS2 e Finpass, além de fundos que privilegiam questão de sustentabilidade, para apoiar as iniciativas de crédito. "Vamos promover dinâmicas em que o cliente que consiga cumprir essas jornadas vão ter acesso a linhas mais baratas", disse Almeida. Além disso, também haverá pacotes de serviços financeiros que serão mais baratos ou até gratuitos, a depender do patamar de ESG que o cliente esteja.

O executivo comentou que a fintech utilizará técnicas de gamificação para estimular o desenvolvimento do cliente na agenda sustentável, de forma que obtenha um diagnóstico em ESG, com recomendação de ações, mostrando o resultado esperado em reconhecimento e reputação. "Aí tem uma conexão muito poderosa, que é a nossa energia e os nossos produtos de energia", disse.

Para Ribeiro, embora neste momento os benefícios para as empresas sejam intangíveis, começam a se tornar mais concretos na medida em que a cadeia de grandes clientes e o mercado financeiro passem a enxergar menor risco em empresas na trilha de melhoria de aspectos ambientais e de governança. "Isso traz redução de custo de capital."

Mão dupla

Almeida explicou que os usuários da fintech poderão se descarbonizar a partir do relacionamento com a 2W, uma vez que a empresa será geradora de energia limpa e de créditos de carbono, a partir das usinas que estão sendo construídas. Adicionalmente, a empresa prepara vantagens cruzadas, com a possibilidade de benefícios nos contratos de compra e venda de energia caso a empresa utilize mais serviços da 2Wbank.

"Vamos mixar as ofertas tanto de energia renovável com seus atributos de preços e I-RECs (certificados internacionais de energia renovável) com o produtos financeiros em geral, e tem hora que energia vai trazer o cliente para o banco, e tem hora que o banco que vai trazer o cliente para comprar energia nossa", disse Ribeiro.

Os executivos não revelam quanto foi investido na criação da fintech. Afirmam apenas que o projeto está em desenvolvimento há um ano e que a 2W tem um orçamento em tecnologia que supera os R$ 20 milhões entre 2021 e 2022. "Desenvolvemos isso dentro de uma plataforma flexível, completamente plug and play, temos 10 a 15 conexões externas que viabilizam essa entrega", contou Almeida, destacando a parceria com o Modal as a Service.

O aplicativo da 2Wbank já está disponível nas lojas de Android e IOS.

Contato: luciana.collet@estadao.com; energia@estadao.com
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