Economia & Mercados
17/06/2021 09:11

Copom mais agressivo deve gerar curva do DI mais linear e queda do dólar


Por Denise Abarca

São Paulo, 17/6/2021 - O Copom fez o que o mercado esperava ao sancionar as apostas majoritárias de alta de 0,75 ponto porcentual da Selic e retirar o termo "parcial" quando se refere ao processo de ajuste da taxa básica. Mas ainda assim o comunicado sobre a decisão foi considerado "hawkish", o que deve levar à curva a um movimento de "flattening" nesta quinta-feira, além de uma valorização do câmbio.

O Banco Central fez mais do que apenas suprimir a palavra parcial, ao dizer claramente que o cenário básico indica ser apropriada a normalização para patamar neutro. Indicou mais 0,75 ponto para a reunião de agosto, mas foi além, ao alertar que, se as expectativas para o horizonte relevante continuarem se deteriorando, a ação será mais "tempestiva" na redução dos estímulos, o que foi lido pelo mercado como risco de aceleração do compasso para aumento de 1 ponto.

Dado o "conjunto da obra", a percepção dos agentes é de que a curva de juros deve mostrar crescimento nas apostas de aperto de 1 ponto nas reuniões do Copom de agosto e setembro, após o recado do BC. Para o encontro de agosto, a precificação nesta quarta-feira era de 82 pontos-base, em torno de 30% de chance de avanço de 1 ponto contra 70% de probabilidade de 0,75 ponto, e a expectativa agora é que possa chegar a 90 pontos. Essa movimentação não necessariamente altera a previsão de orçamento total do ciclo, mas sim uma redistribuição das apostas ao longo das próximas reuniões. Para o fim de 2021, a curva indicava Selic perto de 7% e a ideia de juro neutro está em torno de 6,5%.

O comportamento das taxas curtas vai depender do quanto mais o mercado vai elevar as apostas de 1 ponto, mas isso tende também a ser suavizado pelo ajuste dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) às apostas minoritárias de taxa a 4,50% no Copom de hoje presentes na curva, e que devem ser corrigidas amanhã. Neste balanço, a expectativa é de que o impacto seja restrito apenas a um viés de alta nos DIs curtos. Para os vencimentos longos, a leitura do Copom hawkish deve colocar as taxas em queda, até porque a previsão é de fortalecimento do real, na medida em que um BC mais agressivo potencializa o diferencial de arbitragem entre as taxas internas e externas.

Contato: denise.abarca@estadao.com
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