Economia & Mercados
20/03/2024 15:17

ESPECIAL: VAGA DE REPRESENTANTE DAS AÇÕES PNS NO CA DA PETROBRAS TERÁ DISPUTA ACIRRADA


Por Gabriel Vasconcelos

Rio, 20/03/2024 - Antessala dos enfrentamentos com o governo na Petrobras, a disputa pelas cadeiras dos minoritários no Conselho de Administração da estatal promete ser acirrada. A eleição acontece em 25 de abril, durante assembleia geral ordinária de acionistas (AGO) e já tem pelo menos cinco concorrentes para quatro vagas, além de pleiteantes que não conseguiram indicação até o momento.

O principal ponto de atenção é a corrida pela tradicional cadeira dos preferencialistas, feita em votação separada do controlador, a União. Isso porque o atual ocupante, o economista Marcelo Mesquita, não pode concorrer a novo mandato.

Nos último dias, se consolidaram os nomes do veterano e ex-conselheiro da Petrobras, Jerônimo Antunes, indicado pela Templeton, e de Aristóteles Nogueira, novato no meio e que teve a indicação de um pool de fundos, entre os quais Opportunity, XP e Ibiúna. Para a cadeira dos representantes das ações ordinaristas, o mercado dá como certa a reeleição do advogado Francisco Petros, ainda que o engenheiro Rafael Chaves, ex-diretor de Relações Institucionais e de Sustentabilidade da Petrobras, se movimente nos bastidores por uma indicação que ainda não veio. Ao Broadcast, Chaves informou que não está comentando assuntos relacionados à estatal.

Para as duas últimas cadeiras, a tendência é a reeleição do advogado Marcelo Gasparino e do empresário Juca Abdalla, que têm posição confortável devido à alocação dos votos do Banco Clássico, de Abdalla, mas também de outros acionistas. A posição da dupla é tão confortável, que Gasparino defendeu ao Broadcast, uma coordenação fina entre minoritários para uma repartição de votos capaz de eleger um terceiro representante inédito do mercado por meio do voto múltiplo, que seria a quinta vaga no Conselho.

Cadeira dos preferencialistas

Fontes de mercado ouvidas pelo Broadcast dão conta de que Aristóteles Nogueira tem sido mais ativo em campanha. Aos 38 anos, o engenheiro mecatrônico especializado em finanças é definido como analista competente, capaz de zelar no detalhe pela boa alocação de capital. Essa é uma das principais discussões dentro do Conselho da Petrobras ante a proposta de diversificação e mergulho nas energias renováveis da diretoria do presidente Jean Paul Prates.

Uma fonte a par das movimentações diz que Nogueira tem arregimentado apoios importantes, sendo encarado como "peça técnica chave" no futuro de um conselho marcado pela presença de advogados e políticos. Pesaria contra Nogueira, dizem fontes, a falta de experiência em conselhos para encarar um dos colegiados mais atravessados por pressões políticas do País.

É justamente essa experiência que, segundo as fontes, não faltaria a Jerônimo Antunes, que esteve no Conselho da Petrobras entre 2015 e 2019. Há 15 anos em altas administrações, o contador de formação está hoje em conselhos como o da Paranapanema e Eletronuclear, além de comitês de auditoria da Eletrobras e Vibra. Por ser um dos principais artífices da governança da estatal desenhada nos anos pós-crise de 2014, Antunes foi definido por pelo menos duas fontes de mercado como "bola de segurança" para um conselho que volta a encarar pressões políticas vindas de Brasília.

Como ambos têm competências que interessam ao mercado, um analista que observa de perto a corrida afirma que a eleição pode ser acirrada. Prova desse equilíbrio é a posição do atual dono da cadeira, Marcelo Mesquita, que, ao Broadcast, disse que os dois são bons candidatos para a vaga e que não vai apoiar nenhum dos dois publicamente. Segundo fontes, no entanto, Mesquita teria avalizado a indicação de Antunes pela Templeton.

Contato: gabriel.vasconcelos@estadao.com
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