Economia & Mercados
16/11/2021 08:33

Especial: Shoppings têm alta nas vendas em outubro, 1ª vez desde o começo da pandemia


Por Circe Bonatelli

São Paulo, 15/11/2021 - Pela primeira vez em um ano e meio, as maiores operadoras de shoppings do Brasil conseguiram vender mais do que antes da chegada da pandemia. Aliansce Sonae, BRMalls, Iguatemi e Multiplan registraram quedas nas vendas dos lojistas desde que a crise sanitária fechou o comércio e, posteriormente, permitiu a abertura aos poucos.

Com o avanço da vacinação e o fim das restrições para os centros de compras, o quadro se inverteu. Em outubro, essas empresas viram crescimento nas vendas em relação ao mesmo mês de 2019. Iguatemi e Multiplan tiveram altas de 15% e 10%, respectivamente. Aliansce e BRMalls confirmaram que houve aumento, mas sem precisar os números.

"As vendas nos shoppings em outubro já ficaram acima do nível pré-pandemia", afirmou o presidente da Aliansce Sonae, Rafael Sales, em reunião com investidores e analistas. "Em novembro, as primeiras semanas de vendas foram boas também."

A virada já era mais ou menos esperada, uma vez que o crescimento das vendas vinha ocorrendo nos últimos meses de modo proporcional à liberação dos shoppings. Paralelamente, a inadimplência dos lojistas e os espaços vagos dos shoppings foram diminuindo pouco a pouco.


 Vendas dos shoppings em outubro superam níveis pré-pandemia 
Aliansce Sonae 3º tri 21 x 3º tri 19 Outubro 21 x Outubro 19
Vendas totais -2% acima *
Ocupação 95,8% x 94,8%  
Inadimplência 1,0% x 0,9%  
BRMalls    
Vendas totais -5,5% acima *
Ocupação 97,2% x 97,0%  
Inadimplência 4,8% x 0,0%  
Iguatemi    
Vendas totais + 4,4% + 15%
Ocupação 90,7% x 92,4%  
Inadimplência 2,1% x 0,4%  
Multiplan    
Vendas totais -1,7% + 10%
Ocupação 95,2% x 97,6%  
Inadimplência 3,9% x 0,6%  
Fonte: Balanços.
* Empresas confirmaram aumento, mas sem citar números


Perspectivas para as vendas

A pergunta que fica agora é se os negócios vão permanecer saudáveis, em meio à piora da economia brasileira, com juros e inflação em alta. Na visão dos empresários, a expectativa é de desempenho muito forte nas vendas neste fim de ano, com Black Friday e Natal. Já para o próximo ano, pairam dúvidas.

Sales, da Aliansce Sonae, afirmou que estimar o desempenho das vendas para 2022 é um "exercício mais complexo" devido às incertezas. "Não sabemos como estará a economia brasileira ano que vem", afirmou. De modo geral, entretanto, ele se diz otimista porque o pior da pandemia ficou para trás, e a sua rede de shoppings tem boa ocupação, além de novos canais para vendas online.

Na mesma linha, o presidente da BRMalls, Ruy Kameyama, mostrou visão positiva. Segundo ele, a recuperação nas vendas foi vista em todas as regiões onde está presente, especialmente nos empreendimentos do Centro-Oeste e do Paraná, regiões puxadas pelo agronegócio.

"Estamos saindo do período de covid com taxade ocupação bastante alta. Temos percebido que existe demanda e interesse forte dos lojistas para entrar nos shoppings", disse, em teleconferência. A expectativa, segundo ele, é cortar descontos nos aluguéis e reajustar contratos para recuperar as receitas de locação.

Na rede Iguatemi, com shoppings repletos de grifes e marcas de luxo, a expectativa é que as vendas sigam fortes até, pelo menos, a metade do ano que vem. Isso porque os consumidores das classes A e B ainda estão limitados para viajar e devem direcionar boa parte dos gastos com lazer e compras no exterior para o mercado local, de acordo com a vice-presidente de finanças do grupo, Cristina Betts. "Estamos com uma expectativa bem interessante para os próximos meses", disse. "A demanda continua cativa."

Para ela, a melhora nas vendas deve reforçar a procura dos lojistas e ajudar a preencher os espaços vagos que cresceram na Iguatemi, durante a pandemia. Betts espera que a ocupação suba de 90,7%, no terceiro trimestre, para algo em torno de 93% no fim do ano. "Estamos vendo demanda dos lojistas e encaixandoo todo mundo", afirmou. "É questão de tempopara a ocupação aumentar."

Para analistas, o movimento de recuperação deve continuar, embora em ritmo diferente. Empresas como Iguatemi e Multiplan, voltadas para consumidores de alta renda, devem seguir registrando avanços mais robustos das vendas.

"Os shoppings de baixa renda devem se recuperar mais lentamente do que aqueles de alta renda, já que o crescimento da inflação está concentrada em alimentos e mercadorias, mais representativos na cesta de consumo das pessoas mais pobres", afirmou o analista do Citi, André Mazini, em relatório.

Contato: circe.bonatelli@estadao.com
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