Por Maria Lígia Barros
São Paulo, 21/03/2024 - A independência dos bancos centrais é fundamental para se vencer a luta contra a inflação e alcançar crescimento econômico estável e de longo prazo, defendeu a diretora-gerente do Fundo Monetário (Internacional (FMI), Kristalina Georgieva. Ela alerta, porém, que os formuladores de políticas podem enfrentar pressões neste ano em que vários países realizarão eleições.
"Os riscos de interferência política na tomada de decisões e nas nomeações de equipe pelos BCs estão aumentando. Os governos e os banqueiros centrais devem resistir a essas pressões", escreveu ela em uma publicação no blog da instituição.
Georgieva falou que os bancos centrais independentes conseguiram navegar a pandemia com sucesso e têm mantido as expectativas de inflação ancoradas mesmo com a alta nos preços. "Mercados emergentes lideraram ao apertar política cedo e com força, melhorando sua credibilidade", disse.
A chefe do FMI argumentou que outros braços do governo têm "responsabilidades claras" em ajudar os BCs a alcançarem os mandatos. Elas incluiriam, além do respeito à independência dos bancos centrais, o dever de levar em consideração como suas próprias políticas impactam o trabalho os BCs. Georgieva menciona, por exemplo, a prudência nas políticas fiscais e o compromisso com a estabilidade e regulação do sistema financeiro.
"A estabilidade financeira beneficia toda a economia e reduz o risco de o banco central ficar relutante de aumentar as taxas de juros por medo de causar um colapso financeiro", comentou. "Ao trabalharmos juntos - banqueiros centrais e líderes governamentais, legisladores e o povo - podemos preservar e fortalecer os bancos centrais para vencer hoje a luta contra a inflação e promover a estabilidade e crescimento econômicos nos próximos anos."
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