Economia & Mercados
24/03/2022 08:22

Energisa reúne atividades não reguladas em nova marca


Por Luciana Collet

São Paulo, 23/03/2022 - Em busca de melhor se posicionar no futuro mercado de energia, cada vez mais liberalizado, competitivo e descarbonizado, e no qual os consumidores possuem mais autonomia de decisão quanto à compra e gestão da eletricidade, o Grupo Energisa decidiu reunir embaixo de uma só nova marca todas as suas iniciativas de serviços não-regulados. A (re)energisa se apresenta como um “ecossistema de soluções para acelerar a transição do setor elétrico”, incluindo as atividades de geração distribuída, comercialização de energia e serviços de valor agregado, como de operação e manutenção (O&M) e eficiência energética, até agora operadas por meio das empresas Alsol Energias Renováveis, Energisa Comercializadora e Energisa Soluções.

“Essa nova configuração é a força motriz do crescimento da Energisa para os próximos anos”, afirmou a vice-presidente de Soluções Energéticas e líder da (re)energisa, Roberta Godói, em entrevista ao Broadcast Energia. “A nova marca simboliza o novo momento do grupo Energisa, focado em diversificação dos negócios, que passam a ser a locomotiva de crescimento do grupo”, completou. De acordo com ela, o plano da companhia, que hoje concentra sua atuação no segmento de distribuição de energia, é elevar a participação das outras áreas de negócios do grupo, incluindo serviços não regulados, dos atuais 8% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 25% do Ebitda até 2026.

A executiva, que está há um ano na Energisa, vinda do setor de telecom, onde também atuou em um momento de transição do mercado e introdução de novos serviços e produtos, salienta que a nova empresa surge para posicionar a Energisa como protagonista da transição energética e capaz de atender as demandas trazidas pelos clientes que estão em busca de redução de custos, uso de energia renovável e serviços de gestão com foco no melhor uso da energia, utilizando o conceito “one-stop-shop”.

Investimentos

Em uma antecipação do anúncio feito hoje, o Grupo Energisa já havia divulgado seu plano de investimentos de R$ 30 bilhões para os próximos cinco anos (2022 a 2026), dos quais 47%, ou R$ 14 bilhões, são destinados a atividades que não são seu principal negócio, um salto ante os 16% que antes não eram destinados ao segmento de distribuição em 2021.

Entre os segmentos de negócios, em geração distribuída serão aplicados mais de R$ 2,3 bilhões até 2026, para a construção de 150 usinas, o que significa adicionar mais 460 megawatts-pico (MWp) de capacidade, ante os atuais 78 MWp. Com isso, a empresa pretende ampliar o número de clientes em cinco vezes, chegando a 10 mil pequenas e médias empresas. “Vamos dar outra dimensão (para o segmento), esse negócio passa a ter um outro peso dentro da (re)energisa e por consequência dentro dos negócios do grupo”, comentou Godói

Em outra frente, a companhia pretende ampliar a atuação no segmento de comercialização e para isso planeja crescer também em geração centralizada, onde o plano é investir R$ 6,7 bilhões até 2026, para agregar 1,2 gigawatts (GW) de capacidade. “Isso está intrinsecamente ligado a nossa estratégia de crescimento no mercado livre, já que essa energia toda que planejamos ter no nosso portfólio vai ser comercializada pela (re)energisa”, disse. A intenção da companhia para a área é chegar aos 12% de participação do mercado até 2026, ante os atuais 2%, “sabendo que o próprio mercado evolui e estamos falando de bases diferentes”, salientou Godói, numa referência ao movimento de migrações que tem sido observado nos últimos anos, como também à perspectiva de abertura de mercado nos próximos anos.

No campo de serviços de valor agregado, a (re)energisa nasce com um portfólio amplo de operação e manutenção de ativos elétricos de geração e transmissão, ativos industriais, implantação e operação de sistemas on-grid ou off-grid, combinando fontes de energia com armazenamento em baterias de lítio, projetos de eficiência energética, medição e controle de energia, automação e digitalização de ativos elétricos e linhas de produção. “É um portfólio que vai seguir evoluindo, estamos ávidos por seguir todas as tendências que estamos enxergando no mercado, principalmente aquelas que serão impulsionadas pelo avanço da tecnologia”, disse a executiva. Ela citou como exemplo as oportunidades que surgirão com a chegada do 5G no Brasil e comentou também sobre uma solução em estudo de manutenção de usinas fotovoltaicas por meio de um robô que reduz custos e aumenta a longevidade das placas solares.

Para além das frentes de atuação e os investimentos já planejados, Godói afirma que a empresa considera fazer aquisições para complementar sua estratégia de crescimento acelerado da nova divisão de negócios. Ela lembrou a compra de 41 projetos de geração distribuída, somando 146 MWp, da Vision Sistemas, anunciada em janeiro, e afirmou que assim como essa operação, outras também podem ser realizadas, em outros setores. “As necessidades dos clientes estão cada vez mais amplas, então é muito importante a visão além das fronteiras, estar em constante busca de empresas que possam complementar seu negócio, temos conversado com muitas empresas de soluções”, disse, revelando que a companhia tem discutido potenciais negócios em biogás e biometano.

Com presença já consolidada em 11 estados, onde o grupo atua por meio de suas distribuidoras atendendo 8,2 milhões de clientes, dos quase 1 milhão são CNPJs, a Energisa pretende crescer nas atividades não reguladas aproveitando o relacionamento já construído com esses consumidores, mas não quer restringir mercado. “A (re)energisa tem presença nacional, já estamos em quase totalidade dos estados brasileiros e vamos competir em todos, mas óbvio que vamos utilizar o relacionamento com os consumidores do grupo.”

Contato: luciana.collet@estadao.com
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