Economia & Mercados
05/10/2021 09:01

Especial: PLD pode voltar à faixa entre R$ 400 e R$ 450 por MWh em outubro


Por Wilian Miron e Leandro Tavares

São Paulo, 04/10/2021 - Após três meses na máxima regulatória de R$ 588,83 por megawatt-hora (MWh), o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) começou a diminuir na passagem de setembro para outubro, devido à volta das chuvas sobre os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste e do Sul, subsistemas mais afetados pela crise hídrica. A expectativa é que até o final do mês volte ao patamar de R$ 400/MWh a R$ 450/MWh.

Embora a previsão para o período úmido como um todo seja de chuvas abaixo da média histórica, devido à ocorrência de um La Niña de baixa intensidade, a perspectiva para a entrada da primavera é de volumes razoáveis, que devem contribuir para melhorar o solo dos reservatórios das hidrelétricas - o primeiro passo antes da recuperação dos volumes armazenados.

O mais recente boletim meteorológico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta que em outubro as chuvas devem ficar próximas ou acima da média em todas as regiões do País. Esta situação deve permanecer até novembro.

Segundo o diretor de Trading da 2W Energia, Arthur Teixeira, o preço mais baixo é decorrente da expectativa climatológica, principalmente no Sul do País. Além disso, ele destaca que há uma tentativa do governo de aumentar a quantidade de energia disponível, além de uma previsão da economia no consumo. "Há um sistema forte de chuvas para 15 dias no rio Uruguai e Iguaçu, no Sul do Brasil, embora no Sudeste a chuva esteja de maneira tímida no horizonte de 10 dia", afirmou.

Opinião semelhante tem o presidente da Trinity Energia, João Sanches. Segundo ele, os preços devem apresentar uma queda mais acentuada a partir da segunda semana do mês. "Esse cenário (preço no teto) não deve se estender muito, agora a gente começa a ter previsões de chuva que influenciam no modelo de PLD. Nossas previsões de chuva para 45 dias, colocando no modelo do PLD, ele já mostra que pode sair do teto", disse.

Apesar da melhora nas afluências, o período continua a ser de máxima atenção em relação aos riscos de desabastecimento do sistema. Previsões mais recentes feitas pela consultoria PSR indicam que outubro é o mês mais sensível para o atendimento da carga no sistema. Isso ocorre devido à tendência de alta na carga de energia em um momento em que as hidrelétricas ainda estão com armazenamento muito baixo, o que limita a capacidade dessas usinas atenderem à demanda.

Em vista disso, as atenções devem se concentrar na capacidade do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aumentar a oferta de energia e escoar a geração das renováveis do Nordeste para o Sudeste. Além disso, a redução na demanda que vigora desde setembro deve ajudar a aliviar as pressões sobre o sistema.

Ainda assim, os agentes ainda especulam sobre a possibilidade de problemas pontuais na entrega de energia. "Acreditamos que pode haver falta de energia pontualmente, em algum ponto isolado, mas não acreditamos em racionamento ou apagão. Esse cenário deve se alongar e ficar mais crítico até o início do período chuvoso, em dezembro. Há risco de ficar sem energia, mas ele é baixo", afirmou Sanches.

Contato: energia@estadao.com
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