Economia & Mercados
28/01/2022 11:53

Abimapi: exportação de derivados de trigo em 2021 cresceu 27% em volume e 25% em receita


Por Isadora Duarte

São Paulo, 28/01/2022 - A exportação brasileira de biscoitos, massas, pães e bolos industrializados aumentou 27% no ano passado na comparação com o ano anterior, para 201 mil toneladas. Em receita, a indústria brasileira faturou 25% a mais com a comercialização externa dos produtos, somando US$ 245,5 milhões, segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) antecipado ao Broadcast Agro. "Foi um crescimento considerável frente ao resultado de 2020, que foi positivo. A pandemia gerou o aumento do consumo de produtos do setor tanto no Brasil quanto no mercado internacional, especialmente de alimentos consumidos dentro do lar. Biscoitos, massas, pães e bolos entraram nessa realidade", disse o diretor Internacional da Abimapi, Rodrigo Iglesias, ao Broadcast Agro.

Os segmentos de biscoitos, massas e pães são os principais consumidores do trigo nacional, respondendo por um terço do consumo nacional de farinha de trigo. Segundo a Abimapi, alimentos mais acessíveis com maior praticidade e maior tempo de validade para consumo dentro do lar lideraram as vendas externas.

Na avaliação de Iglesias, a pandemia trouxe novas tendências de alimentação, que contribuíram na ampliação da pauta exportadora do setor, caso do pão de forma. "Ele se tornou substituto do pão francês para muitas famílias, além da extensão do consumo para lanches e refeições. Foi uma oportunidade que surgiu e impulsionou as exportações, especialmente para a América Latina", comentou o executivo.

A desvalorização do real ante o dólar contribuiu para tornar os produtos mais atrativos aos compradores internacionais e mais competitivos frente aos concorrentes no mercado externo, segundo Iglesias. "Não podemos descartar esse reflexo. Contudo, na conta final da indústria, pelo fato de importar insumos e farinha de trigo em dólar, o balanço do câmbio favorável às exportações ficou praticamente neutro", apontou Iglesias.

Já a crise global no transporte marítimo, com oferta apertada de contêineres e custo elevado do frete, limitou maior avanço das vendas, especialmente para destinos mais distantes, como a China. "Sem dúvidas, o frete marítimo pressionou as exportações. Essa situação, de falta de contêineres e aumento do custo do frete, ainda não está regularizada", apontou o diretor Internacional da Abimapi.

A América do Sul se manteve como o principal mercado dos produtos brasileiros industrializados de trigo no ano passado, respondendo por 82% do volume exportado. Para Iglesias, os países sul-americanos ganharam destaque na pauta exportadora do setor, principalmente pela possibilidade de serem atendidos pelo modal rodoviário, sem dependência do frete marítimo. Entre os países, a Venezuela foi o destaque dos destinos: contribuiu com 59% das exportações brasileiras e mais que dobrou o volume importado de industrializados de trigo do Brasil. As vendas para o país passaram de 66,7 mil toneladas em 2020 para 119,6 mil toneladas em 2021.

"É um país que tem o maior consumo per capita de macarrão nas Américas, havia uma demanda reprimida no mercado em virtude da pandemia, a indústria local não possui capacidade suficiente para atender ao consumo. Além disso, foi possível entregar os produtos pelo modal rodoviário", explicou Iglesias. Segundo ele, as vendas de todas as categorias do setor registraram avanço expressivo na comercialização à Venezuela, o que fez com o que país fosse o principal destino das exportações dos derivados de trigo no ano passado.

Segmentos - A categoria de pães & bolos industrializados representou o maior volume vendido ao exterior da cesta de industrializados de trigo, com exportação de 114 mil toneladas em 2021, aumento anual de 30%. Em receita, as exportações do segmento aumentaram 44%, para US$ 112,3 milhões. A Abimapi destaca que foi a primeira vez que uma categoria do setor atingiu, sozinha, exportação de mais de 100 mil toneladas em um ano. Entre os principais produtos desta cesta estão os panetones, com exportação de 6 mil toneladas e faturamento de US$ 20 milhões em 2021, e o pão de forma, com venda externa de 2,5 mil toneladas no ano passado.

Já a exportação de biscoitos responde pelo maior faturamento externo do setor, com receita de US$ 115,5 milhões em 2021 - alta anual de 23%. Em volume, as vendas externas do segmento aumentaram 21% ante 20202, para 68 mil toneladas. "Em 2020, a categoria sentiu o impacto da pandemia contabilizando leve retração. Por isso, a retomada do crescimento em 2021 em mercados tradicionais, como Paraguai, Argentina, Angola e Moçambique, sinaliza normalização dos negócios", destaca a Abimapi.

A categoria de massas alimentícias exportou 17 mil toneladas, que geraram faturamento de US$ 17,6 milhões. O segmento de massas com ovos registrou o maior crescimento dentro da categoria, com alta de 116% em volume, segundo a Abimapi. Outro segmento de destaque foram as massas instantâneas, com exportação de 3,1 mil toneladas em 2021. A Venezuela respondeu por 10 mil toneladas do total exportado de massas.

Contato: isadora.duarte@estadao.com
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