Economia & Mercados
26/03/2021 14:22

Especial: Escassez de chips causa atrasos e paradas nas fábricas de eletrônicos no Brasil


Por Eduardo Laguna

São Paulo, 26/03/2021 - A crise aberta pela escassez global de chips, que paralisa montadoras de veículos em todo o mundo, incluindo no Brasil, afeta também a atividade da indústria nacional de produtos eletrônicos.

Num momento em que o setor tenta recuperar o tempo perdido por restrições que limitaram a produção no polo industrial de Manaus, onde são montados, em grande parte, os celulares, notebooks e TVs vendidos no País, surgem registros de atrasos, paralisações parciais e outros problemas em mais da metade das fábricas que produzem estes e outros aparelhos.

Sondagem da Abinee, entidade que representa a indústria de produtos eletroeletrônicos, mostra que 35% dos associados enfrentam atrasos de produção e entregas ao varejo. Em 10% das fábricas, parte da produção já teve que ser paralisada em razão da falta de componentes eletrônicos.

Outros 6% citam impactos diversos como a redução de estoques estratégicos, perda de novos negócios e aumento de custos com a aquisição de componentes eletrônicos em mercados alternativos. O levantamento, obtido com exclusividade pelo Broadcast, foi feito com os associados da Abinee no mês passado.

Humberto Barbato, presidente da associação, diz que parte do problema vem dos atrasos no transporte marítimo, dado o enxugamento das frotas de navios na pandemia. Somado a isso, acrescenta o executivo, o custo do frete da Ásia, de onde vem a maioria dos componentes eletrônicos, já teve aumento de 200% desde o início da crise sanitária. Por esses e outros obstáculos, 41% das fábricas apontam dificuldade em adquirir componentes eletrônicos da Ásia.

As empresas vêm tentando contornar a situação com antecipação de pedidos, renegociação de prazos de entrega com clientes, transporte aéreo dos materiais, alteração, quando possível, do componente em falta no mercado e troca de fornecedor.

Ainda assim, não é fácil encontrar alternativas à larga escala dos fornecedores asiáticos quando o mundo inteiro disputa uma corrida pelos escassos semicondutores. Na pesquisa da Abinee, 20% das empresas dizem ter dificuldade em trazer componentes eletrônicos de outras origens.

Contato: eduardo.laguna@estadao.com; renata.pedini@estadao.com
Para ver esta notícia sem o delay assine o Broadcast+ e veja todos os conteúdos em tempo real.

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados para o Grupo Estado.

As notícias e cotações deste site possuem delay de 15 minutos.
Termos de uso