Economia & Mercados
02/12/2020 10:41

Acciona sonda governo espanhol para financiar Linha-6 do metrô de SP junto ao BNDES


Por Cristian Favaro

São Paulo, 02/11/2020 - A espanhola Acciona está se movimentando em busca de recursos para as obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo. A empresa promoveu, na manhã da última segunda-feira, uma visita com membros do governo espanhol para apresentar o projeto. Na mesma direção, os executivos da empresa afirmaram que os debates com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) continuam. As obras foram retomadas no mês passado, depois de quatro anos de paralisação. A linha é composta por 15 estações, terá mais de 15 quilômetros de extensão e vai ligar a zona Norte ao Centro (Brasilândia a São Joaquim) da capital.

Avaliado em R$ 15 bilhões, o projeto é o maior de infraestrutura público-privado em desenvolvimento na América Latina. Também é o maior em infraestrutura da história da Acciona. Em 6 de outubro, a empresa assinou a compra do contrato da implantação, manutenção e operação que havia sido assinado em 2013 com o consórcio Move São Paulo, formado pela Odebrecht TransPort, Queiroz Galvão e UTC. A construção parou em 2016, após o início da Lava Jato.


Comitiva espanhola (Xiana Méndez Bértolo no centro) e executivos da Acciona em visita às obras da linha-6. Foto: Guilherme Bessa.

"Para a Espanha é um orgulho ter a Acciona como uma empresa de referência", disse Xiana Méndez Bértolo, Secretária de Estado de Comércio do Ministério de Indústria, Comércio e Turismo da Espanha, em entrevista, após a visita técnica à obra.

Bértolo disse que o governo espanhol estuda o projeto da Acciona. "A análise é complicada e precisamos dedicar tempo", afirmou. Para ela, há sinalizações positivas sobre o interesse. Ainda não está definido de que forma seria a injeção de recursos - seja via participação na concessionária ou liberação de linha de crédito, entre outros.

A linha abrange as estações São Joaquim, Bela Vista, 14 Bis, Higienópolis-Mackenzie, Angélica-Pacaembu, PUC-Cardoso de Almeida, Perdizes, Sesc Pompeia, Água Branca, Santa Marina, Freguesia do Ó, João Paulo I, Itaberaba, Vila Cardoso e Brasilândia. O prazo para construção é de cinco anos após a assinatura do contrato. A empresa terá ainda 19 anos de operação após as obras.

Segundo o diretor de desenvolvimento de negócios da empresa, Jaime J Juraszek Jr., seu time segue negociando com o BNDES o formato de financiamento. "Estamos em fase de negociação do financiamento de longo prazo. Nesse momento, a gente tem o financiamento de um banco privado (empréstimo ponte)", disse. O modelo em negociação com o BNDES é para a construção da obra e pagamento do empréstimo com as receitas futuras da operação.

"O BNDES vê com bons olhos a entrada de outros financiadores para compartilhar o risco. Ele não tem a intenção de ser o único financiador", disse ele. O banco de fomento, porém, será responderá pela maior parte do recurso.

A visita dos executivos foi ao canteiro na região da Freguesia do Ó, onde o antigo consórcio responsável já perfurou poços de onde sairão os dois Shields ("tatuzões", equipamento para a perfuração do túnel), que irão avançar 5 km na direção Norte e 10 km na direção Sul.

Antes da suspensão da obra, a meta de conclusão em 2016. Os executivos da Acciona foram questionados sobre a segurança com o novo calendário, de 2025. "Vale destacar que não é apenas uma obra. Também vamos ter a operação", disse Gabriel Coutinho, gerente de projetos da Acciona. Para ele, há interesse da empresa em concluir a obra o quanto antes, para iniciar a operação. "Acreditamos que essa obra é totalmente possível de se chegar nesse prazo, até porque já existe canteiro", disse.

Saneamento. Xiana Méndez Bértolo falou também do interesse do governo espanhol em investir no Brasil. As empresas daquele país têm forte presença em segmentos como infraestrutura e energia. Uma das oportunidades no radar, disse, está no setor de saneamento, bastante aquecido após a aprovação do marco setorial este ano. "Temos vários instrumentos (de financiamento) e podemos acompanhar as empresas", disse. De acordo com ela, alguns grupos já começaram a se movimentar sobre o tema.

Contato: cristian.favaro@estadao.com
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