Economia & Mercados
23/02/2022 11:00

Especial: Edenred abre frente num mercado em transformação com tags de pedágio da Greenpass


Por Gabriel Baldocchi

São Paulo, 22/02/2022 - De uma parceria comercial, a francesa Edenred, plataforma global de serviços de frotas, mobilidade e pagamentos para empresas, e a brasileira de tags de pedágios Greenpass entenderam que podiam fazer mais com uma atuação combinada. A aquisição pela multinacional do grupo local, anunciada hoje, dá a ambas a possibilidade de utilizar as experiências em áreas complementares para criar uma superoferta nos mercados de frotas e serviços B2B (entre empresas) no universo da mobilidade. A ideia é aproveitar a transformação prevista para o segmento de tags a partir da implementação dos pedágios com a cobrança proporcional em sistema eletrônico, o chamado "free flow".

"Vemos o mercado mudando com a questão do 'free flow', a lei já foi aprovada e está em processo de regulamentação", afirma João Curmelato, CEO da Greenpass. "A tag vai passar a ser uma solução necessária e estar presente nele é sensacional, ainda mais se tiver um conjunto de ofertas e um ecossistema que proporciona mais facilidades para os clientes."

Apenas oito milhões dos quase 50 milhões de veículos da frota brasileira possuem uma tag para pagamento de pedágios. O País ainda é visto como lanterna na adoção de cobranças mais flexíveis nas rodovias. Com o avanço da regulação para estimular a adoção do tag e a cobrança proporcional, a expectativa é que o mercado cresça de forma substantiva. O primeiro teste será a Rodovia Dutra, que incluiu o sistema na nova licitação, novidade que deve entrar em vigor em dois anos e meio.

Uma inovação da Greenpass tornou a companhia um dos mais atrativos atores do mercado para explorar esse avanço: a oferta de tags white label, em que a solução tecnológica é oferecida para empresas parceiras que querem ter seus próprios aparelhos - a empresa tem clientes como o Banco Inter.

Depois de um ano atuando como cliente da Greenpass, o grupo francês viu potencial no grupo de executivos e nas inovações potenciais aplicáveis aos seus serviços, hoje mais focado na gestão de frotas e combustíveis. A Edenred desembolsou R$ 80 milhões por uma fatia de 51% da brasileira e deve comprar o restante à medida que ambas caminharem juntas.

A Greenpass também vê potencial nas inovações que os serviços franceses podem trazer ao seu negócio. Daí porque decidiu seguir com o negócio em meio a outras ofertas de interessados em comprar a companhia.

"Quando fazemos um 'deal' desses apostamos na equipe e na tecnologia. Apostamos neles e vamos ajudar com tudo o que temos, ativos, sistemas. No primeiro momento é uma associação, mas a ideia é capitalizar para 100% e fazer o negócio crescer", afirma Jean-Urbain Hubau, COO das Soluções de Frota e Mobilidade da Edenred.

'One-stop-shop'

A compra é um passo para a francesa conseguir oferecer no Brasil uma gama ampla de serviços numa solução única, conceito conhecido como "one-stop-shop", no termo inglês.

A Edenred possui uma carteira de quase 1 milhão de clientes corporativos nos 46 mercados onde atua. Em 2021, a companhia viu suas receitas operacionais avançaram 14%, para 1,58 bilhão de euros. A América Latina, que tem entre o Brasil como um dos maiores mercados, respondeu por 28% do total.

A multinacional atua hoje no País com a marca Ticket Log, por meio da qual opera uma frota de 1 milhão de veículos no Brasil e tem um giro de quase 2,5 bilhões de litros de combustível por ano. Ainda atua em plataformas de gestão de pagamento de pedágios, manutenção e outros via a Repom, que conta mais de 1 milhão de caminhoneiros cadastrados.

Criada em 2017 com ajuda de executivos que fundaram a Connect Car, a Greenpass fechou o ano passado com 500 mil veículos equipados com as suas tags. A empresa também tem parceria com 130 estacionamentos e vem avançando em serviços como carteira digital para caminhoneiros.

A expectativa da Edenred é multiplicar por cinco o número de tags até 2025. Mas o grande potencial para ambas está no que ainda não é possível ver: o potencial de criação de novos produtos que envolvam os dois mundos.

"A Greenpass nasceu de pedágios e nós somos o maior operador B2B de combustível. Se pensarmos nos ativos, é possível imaginar como oferecer algo mais para os clientes, ainda há muito para inventar", afirma

Como base para o que pode vir está uma estrutura média de custos de uma frota composta por: até 40% custos de detenção (leasing, financiamento etc.), 30% combustível e outros 30% outros custos, entre os quais o pagamento de pedágio.

Contato: gabriel.baldocchi@estadao.com
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