Economia & Mercados
04/08/2021 10:02

Bradesco, Itaú e Santander lucram R$ 17 bi no 2tri21, salto de 67,3% ante um ano


Por Aline Bronzati e Marcelo Mota

São Paulo, 03/08/2021 - A safra de resultados dos grandes bancos privados brasileiros no segundo trimestre confirmou o movimento de recuperação em curso, com a inadimplência sob controle e mais apetite por crédito. No cenário macroeconômico, o aumento da inflação e a desaceleração da atividade são riscos que preocupam os banqueiros, mas, ao menos até aqui, não devem impedir o vigor dos empréstimos diante de uma demanda reprimida em meio à pandemia.

Juntos, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil apresentaram lucro líquido de mais de R$ 17 bilhões no segundo trimestre, cifra 67,3% maior que a vista um ano antes, de cerca de R$ 10 bilhões.


 Lucro dos bancos privados brasileiros no segundo trimestre (R$ - em milhões) 
     2tri21   2tri20 
Itaú Unibanco 6.543 4.205
Bradesco 6.319 3.873
Santander Brasil 4.171 2.102
Total 17.033 10.180
Fonte: balanços das instituições citadas

Os números do período trazem uma combinação de dois fatores. De um lado, representam melhores tendências no dia a dia dos bancos, que voltam aos poucos à normalidade com a reabertura da economia e o avanço da vacinação dos brasileiros. Do outro, uma base comparativa fraca, impactada pelo reforço nas provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, para fazer frente ao aumento da inadimplência por conta da pandemia.

"A partir de agora já vivenciamos a perspectiva de um cenário mais próximo ao do período pré-pandemia”, afirma o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, em nota para comentar o resultado do banco, divulgado há pouco. "Continua sendo desafiador, porém mais tangível".

Até o momento, os calotes - um dos temores na pandemia - seguem sob controle, permitindo aos bancos diminuírem os gastos com a inadimplência, o que impulsiona os resultados. Bradesco e Itaú mantiveram o indicador, considerando atrasos acima de 90 dias, estável no segundo ante o primeiro trimestre, enquanto o Santander teve leve aumento.

"Esperamos leve aumento [na inadimplência], mas abaixo do nível pré-crise, se estabilizando em 2022", disse o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, em conversa com a imprensa, mais cedo.

Apetite

Do lado do crédito, os bancos demonstram mais apetite para emprestar. O Itaú Unibanco, inclusive, decidiu elevar suas projeções de desempenho (guidance) para 2021. Na melhor das hipóteses, já vê sua carteira crescendo dois dígitos neste ano. Foi o único a ir nessa direção, até aqui.

O rival Bradesco só mexeu na projeção de seguros, depois do baque da pandemia no resultado da sua seguradora no segundo trimestre. Para o ano, o banco vê uma queda de 15% a 20% neste ano. Antes, projetava alta de 2% a 6%.

Há bons ventos também das margens financeiras e receitas de serviços. O aumento dos empréstimos - principalmente aqueles sem garantia atrelada - são um dos motores ao lado de ganhos em áreas como a de banco de investimentos, com recordes de operações de ações e de dívida, e cartões.

Enquanto isso, os grandes bancos privados seguem focados em eficiência e no reforço digital das suas operações. Itaú e Santander, por exemplo, reforçaram o time voltado à tecnologia, com a adição de 1.200 e 1.620 pessoas, respectivamente.

"O incremento se dá pela criação do canal remoto, que começa a ter impacto", disse o presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, que anunciou que passará o bastão em 2022 ao vice-presidente do banco, Mario Leão.

A rede de agências dos bancos privados, por sua vez, segue diminuindo - com exceção do Itaú, que já fez um movimento de redução nos últimos anos. Assim, no segundo trimestre, a estrutura de tijolos de Bradesco e Santander se reduziu em cerca de 200 pontos. Para o segundo trimestre, mais unidades devem ter suas portas fechadas, com o maior foco no digital e unidades de negócios.

Contato: aline.bronzati@estadao.com e marcelo.fernandes@estadao.com
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