Economia & Mercados
27/08/2020 10:07

Nome de Braga, mesmo com golden share, é bem aceita por destravar venda da Eletrobras


Por Denise Luna

Rio, 27/08/2020 - As ações da Eletrobras vão continuar operando com muita volatilidade até a definição do modelo da privatização da companhia, depois que o plano atual, elaborado no governo de Michel Temer, se mostrou impraticável pela resistência no Congresso Nacional. A entrada em cena do senador Eduardo Braga (MDB-AM) na discussão, no entanto, está sendo lida pelo mercado como uma esperança para derrotar os parlamentares contrários à venda, mesmo que o processo demore mais do que o previsto e inclua uma golden share, até então rejeitada pelo mercado.

"A verdade é que ainda não acharam o modelo e já está dado que não vai acontecer no curto prazo, então o papel vai continuar volátil com muita especulação", avalia Pedro Galdi, da Mirae Asset. Para ele, a inclusão ou não de uma golden share, uma das condições para a adesão de Braga ao processo, não vai influenciar no preço da ação, e que o que importa para os investidores é que a companhia seja realmente privatizada, o que só deve ocorrer em 2021.

As ações da empresa subiram por três pregões seguidos após sofrer fortes quedas pela saída do ex-secretário de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, no dia 12 de agosto, que sinalizou um possível recuo da operação. Hoje, os papéis operam em queda, mas estão sendo negociadas nos mesmos patamares do final do ano passado, informa Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.

"A ação ON fechou 2019 a R$37,80. Então, segue com neutralidade. Está agora em R$37,89. Já a PNB fechou em R$38,24 e também apresenta estabilidade no ano", diz Arbetman, que estima uma avaliação da empresa, sem contar com a privatização, em R$42,45 a ação.

Segundo Arbetman, as possíveis mudanças trazidas ao processo, com uma possível relatoria do senador Eduardo Braga, são positivas, já que a aprovação da capitalização enfrenta no Senado a maior resistência, principalmente na bancada nordestina. "A figura do Eduardo Braga é importante porque ele já foi contrário à venda e pode convencer os outros votos do Norte e Nordeste contrários. Ele já foi ministro, tem experiência e proximidade à bancada que resiste, então sem dúvida, se ele aceitar a relatoria, manda uma mensagem de maior facilidade de aprovação", explica o analista da Ativa.

Por outro lado, a adesão de Braga mostra que o governo está disposto a incluir demandas dos parlamentares, como a volta da golden share, o que antes espantava o mercado. "Pelo tamanho que a Eletrobras tem, com um terço da capacidade de geração instalada e quase metade da transmissão, a golden share poderá até ser bem aceita, depende do detalhamento que o governo fizer", explica.

A golden share é um ação que fica retida pelo poder público para assegurar o veto em algumas questões, como ocorreu na venda da Vale e da Embraer. Dependendo das condições impostas pelo governo, a inclusão desse instrumento não deverá afetar a capitalização da Eletrobras, segundo analistas. "Mas se tiver além da golden share, alguma outra concessão do governo que altere a forma como vai ser feita a condução operacional da companhia daqui para frente, também vai ficar no radar do mercado", prevê Arbetman.

Contato: denise.luna@estadao.com
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