Por Célia Froufe
Brasília, 14/08/2023 - O governo tem batido o pé na sua promessa de zerar o déficit primário no ano que vem e várias têm sido as declarações recentes nessa linha, como a mais recente, do secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, na semana passada. A equipe econômica, porém, está ciente de que, se não entregar exatamente a meta de zero em 2024, mas já diminuir o resultado negativo, será um ganho de confiança com impacto sobre a curva de juros.
Por esse raciocínio, qualquer porcentual que o governo entregue abaixo de 0,80% do Produto Interno Bruto (PIB) é identificado como um patamar positivo para a ancoragem das expectativas. Esse número é a mediana das projeções do mercado financeiro, de acordo com o Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta manhã pelo Banco Central.
A "torcida" para que o governo não tenha tanta pressa na entrega da meta vem ganhando força na Faria Lima. Agentes temem que, para "financiar" o resultado estável, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, corra na sua intenção de taxar aplicações que hoje não são tributadas. Esse argumento de alguns agentes do mercado financeiro, de que "é melhor ir com calma" na questão fiscal, já chegou à Pasta. Os membros da equipe econômica, no entanto, sabem que o objetivo dessa defesa é evitar, ou pelo menos adiar ao máximo, um eventual aumento da carga tributária específica para alguns investimentos que hoje estão fora da lista da Receita Federal.
"De qualquer forma, vamos perseguir nossa meta de ser déficit zero... Se conseguirmos, será um choque hiperpositivo na ancoragem das expectativas fiscais com grandes impactos na curva de juros... Se não conseguirmos e ficarmos melhor que déficit de 0,8% do PIB, ainda assim será um dado que trará impactos positivos em relação à expectativa atual e, portanto, algum impacto de fechamento na curva de juros", comentou uma fonte ouvida pelo Broadcast.
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