Economia & Mercados
28/02/2022 16:16

Especial: Feira de telecom tem leitura facial, crachá digital e app em vez de cartão de visita


Por Circe Bonatelli, enviado especial a Barcelona

Barcelona, 28/02/2022 - O setor de telecomunicações começou hoje seu mais tradicional evento, o Mobile World Congress (MWC), em Barcelona. De olho no ganho de escala, o encontro discutirá as tendências de uso do 5G e seus impactos na sociedade. Já em pequena escala, ele dita as tendências de logística e comportamento que moldarão as feiras empresariais daqui para frente.

Na entrada, ninguém perde tempo com credenciamento ou fila para buscar o crachá. Cada participante é reconhecido por leitura facial, que não dura mais do que cinco segundos. O acesso é rápido e sem filas longas.

Outra coisa: ninguém circula com crachá pendurado no pescoço. Todos têm um QR Code próprio na tela do celular que funciona como “crachá digital” para ingresso nos estandes e auditórios.

Outro item também fora de moda é o cartão de visita. Quer compartilhar o contato? Basta adicionar um ao outro no aplicativo oficial do MWC, conectado ao perfil do LinkedIn e tela para troca de mensagens rápidas.

Esta é a segunda vez que o Mobile World Congress acontece em formato híbrido, com encontros presenciais e transmissões online. Para a edição deste ano são esperadas entre 40 mil e 60 mil pessoas no local - até o triplo de 2021, quando 20 mil compareceram, durante a fase mais dura da pandemia. Ainda assim, bem abaixo das versões anteriores à crise sanitária, quando passava dos 100 mil.

Telecom no centro do tabuleiro

No painel de abertura dos trabalhos, o recado dos organizadores foi claro: o setor de telecomunicações é peça-chave para o desenvolvimento da humanidade daqui para frente. “O setor de telecom será importante para todos os outros setores. Da educação aos serviços financeiros, da indústria ao metaverso”, afirmou Mats Granryd, diretor-geral da GSMA, a associação global das teles e organizadora do evento. “Estamos prontos para nos engajar com os outros setores”, disse, referindo-se ao fato de que empresas, governos e demais instituições terão, obrigatoriamente, de recorrer à internet rápida e novas aplicações para não ficarem atrás em termos competitivos.

Segundo Granryd, estão previstos mais de US$ 600 bilhões em investimentos globais na implementação de redes móveis até 2025. A GSMA calcula que até o fim do ano haverá 1 milhão de conexões ao 5G, passando por celulares, sensores, máquinas e drones.

O presidente do Grupo Telefónica - dono da Vivo, no Brasil, e de O2 e Movistar, na Europa -, José María Álvarez-Pallete, disse durante o evento que o mundo está entrando na era da superconectividade e que o 5G vai gerar a maior revolução tecnológica já vivenciada pela humanidade, superando a revolução industrial no século 18.

Pallete também jogou luz sobre o protagonismo das teles e defendeu a necessidade de agências regulatórias facilitarem a vida das operadoras. “Nosso setor não está pedindo privilégios, apenas justiça”, afirmou. “O tráfego de dados está crescendo em até 50% ao ano. O desafio do investimento é enorme e merece atenção especial."

O futuro da internet

O Mobile World Congress (MWC) aponta como será o futuro com o 5G e os modelos de negócios atrelados a essa nova tecnologia. Assim como Uber, Waze ou iFood não existiriam sem 4G, é esperado que uma nova onda de empresas ‘tech’ (de finanças, educação, saúde, mobilidade, construção, logísticas e processos industriais, entre outras) surjam nos próximos anos, oferecendo serviços que podem mudar a maneira como a população se comporta.

Entre os principais temas do MWC está o surgimento da “Internet de Tudo” (Internet of Everything, ou IoE na sigla em inglês), termo que se refere ao conceito de conexões entre pessoas, processos, dados e equipamentos. O novo termo é um aprofundamento do jargão já existente “Internet das Coisas” (IoT), que se resume, à comunicação entre máquinas.

O MWC também vai passar pelos avanços da inteligência artificial (IA), serviços na nuvem e tokens não fungíveis (NFTs) - novidade desta exposição. Um assunto que ganhou corpo são as ameaças à segurança cibernética, que podem afetar a cadeia de suprimentos, interromper a conectividade e causar desinformação.

contato: circe.bonatelli@estadao.com
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