Economia & Mercados
01/07/2020 08:47

B3 pretende lançar até o fim de setembro plataforma voltada ao mercado de energia


Por Luciana Collet

São Paulo, 01/07/2020 - A B3 espera lançar até setembro sua plataforma de serviços voltados para o mercado livre de energia, que deve incluir ferramentas de pré-registro de contratos, bem como um indicador de risco de mercado. A data exata do lançamento ainda não foi definida, mas o vice-presidente de Produtos e Clientes da instituição, Juca Andrade, diz que a expectativa é positiva e que a bolsa espera adesão elevada por parte dos participantes de mercado, entre comercializadoras, geradoras de energia e grandes consumidores, uma vez que a solução tem sido feito em parceria com diversas geradoras e comercializadoras

"A gente espera adesão elevada, mesmo sem a mão forte de regulador obrigando, mas porque é uma solução que o mercado entende como adequada, porque desenvolvida por ele mesmo", disse Andrade, durante webinar promovido nesta terça-feira pela B3. Ele indicou que a intenção da B3 é dar um incentivo à adesão com uma carência de tempo para que mercado use a plataforma a custo zero, mas indicou que o custo envolvido deve ser divulgado já no lançamento. "A oportunidade é grande, não queremos um preço inviabilizador, mas um preço compatível com o que estamos investindo", explicou

No novo sistema atualmente em desenvolvimento, os participantes do mercado de energia que aderirem à iniciativa da B3 deverão realizar o registro de 100% das operações de compra e venda de energia no mercado físico, no dia em que realizarem a operação e trimestralmente deverão passar informações financeiras dos balanços das empresas. A bolsa deverá utilizar suas ferramentas de supervisão e análise de capacidade econômica para checar os dados e auditá-los, passando a acompanhar a exposição dos agentes e controlar os riscos.

Um conjunto de normas e manuais está sendo criado para estabelecer faixas de exposição compatível com o perfil dos participantes. "Vamos dizer para o mercado se o participante está compliant, que está de acordo com o que combinou, compatível com o tamanho dele, ou non compliant", explicou, salientando que um agente que apresentar não conformidade e tiver seu limite de exposição estourado não ficará impedido de operar.

"Isso já traz uma grande vantagem para o mercado, porque tem o selo da B3 que olha para exposição do participante, e tem o papel que desempenha de neutralidade", acrescentou Andrade, que destacou que Ele o restante das informações permanecerá em sigilo, da mesma forma que opera com o mercado financeiro. .

As informações sobre o registro dos contratos deverão permitir a criação de uma curva de preços futuros, um indicador que hoje o mercado ainda se ressente, apesar de algumas iniciativas de mercado, mas que baseiam o indicador em coleta de expectativas de mercado e de registros em plataforma eletrônica. "A principal diferença que terá na nossa curva é que não vai ser baseada nem em coleta, nem em estimativa, mas nos negócios efetivamente acontecidos no mercado, então quando tivermos eventualmente de extrapolar ou interpolar um preço, faremos, e diremos a metodologia que vamos usar, mas pode ter cenários em que não divulgaremos, porque naquele dia não tem base amostral para divulgar preço", explicou.

"O mercado precisa de curva confiável de preço, anseia por isso, e acho que esse novo processo que B3 está disposta a fazer vai nos trazer essa informação", disse o presidente da Votorantim Energia, Fabio Zanfelice, também presente na webinar. Ele também avaliou que se a plataforma demonstrar o sigilo e a segurança necessários para operar no mercado, pode significar a solução de segurança de mercado que o mercado vem discutindo, e disse que deve vai estudar a adesão, caso aumente a segurança de mercado e reduza custos.

O executivo defendeu a evolução do mercado de energia com o estabelecimento de instrumentos financeiros, o que, na sua avaliação, permitiria reduzir riscos e custos dos agentes. "Na medida em que se transaciona toda a energia no mercado físico, com registros na CCEE, corremos riscos desnecessários. Parte da energia poderia ser trazida em ambiente financeiro, e não estritamente físico", disse.

Desde 2015, a B3, por meio da Cetip, aceita o registro de contratos de termo, swap e opção de energia, mas esse tipo de operação tem tido baixo interesse até agora. Andrade citou que a Bolsa esta preparada para outros produtos derivativos e até mesmo para atuação como contraparte central, mas indicou que o mercado precisa evoluir até que isso aconteça. Ele sugeriu até mesmo a criação de uma contraparte central especifica para o mercado de energia, uma vez que poderiam ser desenvolvidas garantias específicas para o setor, sem a necessidade da sofisticação existente do mercado financeiro.

Contato: Luciana.collet@estadao.com
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