Economia & Mercados
19/04/2021 17:41

Fechamento câmbio: Dólar tem quinta queda seguida com perspectiva de solução para o orçamento


Por Altamiro Silva Junior

São Paulo, 19/04/2021 - O dólar engatou a quinta queda seguida ante o real, com ajuda da baixa da moeda americana no mercado internacional e a perspectiva de resolução para a questão do orçamento de 2021, que tem prazo para sanção até a quinta-feira, 22. Também agradaram declarações do novo presidente da Petrobras, de preservar a paridade internacional nos preços dos combustíveis. Houve relatos de entrada de fluxo externo para o País, comercial e financeiro, o que levou a moeda americana a cair para R$ 5,52 na mínima do dia, testando os menores valores em quase um mês. Se a questão orçamentária for resolvida sem rupturas ao teto, economistas projetam nova rodada de melhora para o real.

No fechamento, o dólar à vista encerrou a segunda-feira em baixa de 0,61%, a R$ 5,5505. No mercado futuro, o dólar para maio cedia 0,81% às 17h36, a R$ 5,5490.

A ministra da Secretaria de Governo da Presidência da República, Flávia Arruda, afirmou nesta tarde que o governo caminha para o veto parcial no orçamento, mantendo algumas emendas e cortes em despesas discricionárias. Ela citou que a ideia é vetar R$ 10,5 bilhões em emendas, número que não agradou muito e fez o dólar reduzir o ritmo de queda, considerando que estas emendas somam R$ 35 bilhões e esperava-se corte de ao menos metade.

Para o economista Samuel Pessôa, chefe de pesquisa econômica da Julius Baer Family Office, pode haver uma descompressão no câmbio se o governo conseguir resolver a questão do orçamento de 2021 respeitando dois princípios. O primeiro é que tudo que seja extra teto de gastos seja só de medidas associadas à pandemia, com despesas transitórias, e as despesas recorrentes dentro do teto. "Dada a dimensão da segunda onda, é natural que haja gastos adicionais." O segundo princípio é que as despesas extra teto têm tem ter um orçamento.

"Se aprovar um orçamento que tenha esses dois princípios, vai ter a partir da próxima semana uma descompressão no mercado, uma certa sensação de mais tranquilidade", disse Pessoa em live hoje à tarde da Genial Investimentos. "O câmbio deve voltar um pouquinho. Não vai ser uma maravilha, porque a política fiscal está muito machucada. Temos um desequilíbrio fiscal estrutural grande que a gente só vai tratar em 2023. A descompressão não vai ser total, mas alguma vai ter."

"Se a gente conseguir criar uma situação em que tudo que está extra teto se refere a condições transitórias, dá ideia de que o teto é restrição efetiva", afirma o economista-chefe da Genial, José Márcio Camargo. Ele observa que o mais preocupante no imbróglio do orçamento foi a notícia que incluía algumas emendas parlamentares fora do teto isso. "Isso seria um desastre", disse ele na mesma live. "É preciso que o presidente vete algumas emendas parlamentares, porque se trocou despesas obrigatórias por emendas."

Com o orçamento resolvido, Camargo vê pressão para a valorização do real pela frente, por conta da entrada de dólares via comércio. Ele observa que os dois maiores parceiros comercias do Brasil - Estados Unidos e China - devem crescer 8% em 2021. A Genial prevê que o dólar pode cair para perto de R$ 5,00 ou mesmo R$ 4,90 ao final do ano.

Contato: altamiro.junior@estadao.com
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