Economia & Mercados
11/06/2020 18:33

Shoppings e varejo vão a Guedes na sexta-feira cobrar ajuda para o setor parar de fechar portas


Por Denise Luna

Rio, 11/6/2020 - Associações que representam shoppings e o varejo em geral vão se reunir amanhã com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para cobrar o apoio prometido em reunião no dia 4 de abril e que até hoje não saiu do papel. O objetivo é conseguir crédito para garantir que as lojas que não quebraram até o momento possam se manter abertas, o que não será possível diante das perspectivas da queda brusca de faturamento este ano.

De acordo com o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, cerca de 15 mil lojas já ficaram pelo caminho após o agravamento da pandemia do covid-19, e mais de 120 mil empregos foram perdidos. Mesmo com a volta parcial autorizada em alguns estados, como Rio e São Paulo, a projeção é que o faturamento esteja entre 30% e 40% do esperado.

"Setenta por cento dos lojistas de shoppings são pequenos empresários e o capital de giro acabou. Os que abriram agora, se não tiverem uma linha especial, vão fechar, e demitir mais", explicou Sahyoun ao Broadcast.

A associação representa mais de 54 mil lojistas em shoppings do País e estará acompanhada na reunião pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Confederação Nacional dos Diretores Lojistas, associações comerciais estaduais, entre outras entidades.

Segundo Sahyoun, a abertura dos shoppings, mesmo com restrições, é a melhor forma de dar acesso dos consumidores a compras direcionadas e sem aglomeração, o que não ocorre no comércio de rua, que vem se proliferando com a continuidade da quarentena.

"Governadores e prefeitos vão ter nos shoppings um equipamento de segurança que em nenhum outro lugar é possível tanto controle, são mais de 25 procedimentos para garantir a abertura", afirmou o executivo.

No primeiro dia de funcionamento dos shoppings no Rio, a frequência de consumidores está girando em torno dos 30% a 40%, segundo o presidente da Alshop.
Entre as medidas adotadas, Sahyoun cita a obrigatoriedade de medição de temperatura, uso de máscaras e álcool gel, sinalização dentro dos empreendimentos informando o sentido em que as pessoas devem andar para evitar esbarrar uns nos outros, seguranças contra aglomerações, estacionamento reduzido e manutenção da frequência de consumidores nos shoppings em 50% no Rio e 20% em São Paulo.
Ele observa, porém, que não há perspectiva da pandemia do Covid-19 acabar tão cedo, e por isso será necessário que o governo ajude o setor dos lojistas a se manter em operação por mais tempo, recolhendo impostos e mantendo empregos.

Busca de Apoio

Glauco Humai, presidente da Abrasce, também estima que 10% das lojas de shopping "ficaram pelo caminho". Ele defende a abertura lenta e gradual como está ocorrendo no Rio e São Paulo, respeitando todas as recomendações das secretarias de saúde de cada estado, mas também vê necessidade de um apoio maior do governo.

O baixo fluxo observado hoje nos shoppings do Rio, segundo Humai, já era esperado pela insegurança que os consumidores ainda têm em relação à contaminação, e só com o tempo os números vão melhorar, como já foi observado fora do Brasil e no shoppings que já foram abertos no País.

"Vimos em shoppings que já abriram há algum tempo que a volta é gradual, mas sobem. Em um shopping que abriu há 50 dias, as vendas já estão em 65% do que eram antes da pandemia", informa.

Ele afirma que os empreendedores e administradores de shoppings já gastaram mais de R$ 3 bilhões para dar uma sobrevida ao setor, mas que agora espera que o governo também apoie com linhas de crédito aos lojistas e aos donos de shopping.

"Grande parte da sobrevida do comércio se deve aos empreendedores e administradores de shoppings. Custos dos lojistas foram absorvidos, como aluguel, taxas de promoção e condomínio, isso evitou uma taxa de mortalidade (das empresas) menor", explicou o presidente da Abrasce, que se reuniu com Guedes em 4 de abril e até hoje não viu o resultado, "vamos ver como está o cenário", declarou.

Para ele, pelo menos até o final do ano as lojas deverão trabalhar abaixo da capacidade, mas semana a semana as vendas devem melhorar. Mas, para isso, é preciso que as empresas se mantenham saudáveis. "Temos duas frentes junto ao governo, a luta para o lojista ter acesso ao crédito e mais recentemente estamos buscando crédito também para os shoppings reestruturarem o caixa e continuarem a ajudar os lojistas", concluiu Humai.

contato: denise.luna@estadao.com
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