Economia & Mercados
23/04/2021 14:02

Especial: BNDES avança em financiamentos com preço de suporte de energia


Por Luciana Collet

São Paulo, 22/04/2021 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ainda hoje um dos principais financiadores de projetos de energia renovável no País, disponibiliza, desde 2018, uma metodologia de precificação da energia descontratada, nos processos de financiamento de novos empreendimentos de geração. O modelo foi aprimorado no ano seguinte e desde então a instituição vem trabalhando com uma fila de projetos com essa metodologia, tendo fechado uma "quantidade expressiva de energia" com a aplicação solução, disse ao Broadcast Energia a superintendente da Área de Energia do banco, Carla Primavera.

Segundo dados divulgados pelo banco, o BNDES fechou apoio a cerca de 960 MW em projetos com aplicação da metodologia de "preço suporte", entre usinas eólicas e solares, dos 1.303 MW financiados em projetos voltados para o mercado livre. No total, o banco acertou empréstimos para 1.419 MW em empreendimentos de energia renovável, totalizando mais de R$ 4,1 bilhões.


 Financiamentos 2020 
 Fontes   Total (MW)   ACL (MW)   ACL (%)   Preço Suporte (MW)   Financiamento (R$ mil) 
Eólica 727 639 88% 365 2.435.588
Solar 664 664 100% 595 1.484.982
PCH 28 0 0% 0 221.936
Total 1.419 1303 92% 960 4.142.506
fonte: BNDES

De acordo com Primavera, há projetos financiados com "prazos variáveis de comercialização", mas ainda não foi fechada uma operação de projeto com estratégia de comercialização exclusivamente de curto prazo, com contratos de até cinco anos, por exemplo. "Não é por uma questão de não aceitação nossa, mas é porque ainda não apareceu nenhum investidor que faça uma combinação de prazos e perfis de compradores... O mercado ainda está testando modelos", disse.

A metodologia do preço de suporte, porém, abarca essa possibilidade, garante a superintendente. Embora o "preço suporte" tenha sido criado num momento em que o setor ainda não trabalhava com a perspectiva de viabilizar projetos exclusivamente com contratos de curto prazo, Primavera explica que a metodologia é aderente a essa estratégia de comercialização porque apenas indica que o projeto precisa estar contratado no tempo, mas não exige que esteja contratado de antemão, concedendo um prazo, antes do vencimento dos contratos existentes, para novas comercializações.

Na avaliação da superintendente, a iniciativa do BNDES de divulgar a metodologia de preços suporte, em 2018 e 2019, provocou os bancos privados, bem como outras instituições regionais e de desenvolvimento, a amadurecerem reflexões sobre os preços que tais bancos estariam dispostos a atribuir à energia descontratada. "Conseguimos colocar essa discussão em pauta no mercado de crédito, e acho que o mercado de capitais pode, sim, abraçar alguma referência de preço, ou utilizando a experiência do BNDES ou oferecendo outra referência", disse.

Para o Chief Investment Officer da 2W Energia, Walter Tatoni, o preço de suporte do BNDES se tornou uma premissa importante que o mercado privado de crédito passou a utilizar, mas ele salientou que cada financiador, ou provedor de crédito, passou a adotar uma projeção própria de longo prazo para o preço da energia, com valores mais conservadores para o crédito em relação ao valor considerado quando está avaliando um ativo como investidor, quando o valor fica próximo dos R$ 200/MWh.

Já o chefe do mercado de capitais de renda fixa e project finance do BTG Pactual, Daniel Vaz, comentou que, por ser um banco com mais amarras, embora tenha "preços melhores" para o financiamento, possui uma estrutura de flexibilização não tão arrojada como mercado privado, o que pode levar empreendedores a buscar outras opções de financiamento para empreendimentos com estratégia de comercialização voltada para contratos de curto prazo.

Contato: energia@estadao.com
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