Economia & Mercados
23/10/2020 10:41

Bain: Mercado da moda tem recuperação lenta e deve fechar ano com queda entre 25% e 35%


Por Beth Moreira

São Paulo, 23/10/2020 - O setor de moda, que engloba vestuário, calçados e acessórios, foi mais afetado do que o varejo em geral durante a pandemia, apresentando uma recuperação mais lenta. Agora, de acordo com um estudo da Bain & Company, começa a indicar sinais de recuperação no mundo e no Brasil. A previsão da consultoria, no entanto, é de que o setor feche o ano com contração de 25% a 35% no setor de moda “mainstream”, e uma queda um pouco menor no setor de luxo.

“As empresas mais conectadas com as novas tendências de consumidores e que reagem mais rapidamente a este novo cenário são aquelas que sairão mais fortes deste momento de grandes mudanças”, destaca em nota a sócia da Bain & Company, Luciana Batista.

A consultoria lembra que na China as vendas de vestuário foram impactadas negativamente pela covid-19 mas, logo após o fim do período de lockdown, as vendas online se recuperaram e continuam a crescer rapidamente. Já a indústria da moda na Europa foi impactada de maneira mais forte do que o mercado de varejo como um todo, porém também já mostra sinais de recuperação.

No Brasil, o segmento foi extremamente afetado durante o início da pandemia, sobretudo na fase mais intensa de lockdown. Nos últimos meses, no entanto, o setor vem crescendo mais rapidamente em comparação a outros ainda mais afetados, como turismo, bares e restaurantes, aponta a Bain.

"Apesar de observarmos uma recuperação mais rápida na China, a recuperação do mercado no Brasil deverá ser mais lenta, seja pelo prolongamento da curva de casos observados, seja pelo impacto na renda disponível do brasileiro, fortemente atingida pela pandemia", diz. Com isso, o mercado da moda deve registrar uma retração de 25% a 35% em 2020 ante 2019, apesar de uma tendência positiva esperada ao longo dos próximos meses.

Por outro lado, canais online apresentaram crescimento conforme as medidas de contenção começaram a ser implantadas, chegando a representar dois terços da venda do setor nas piores semanas de lockdown.

Segundo a Bain, com a reabertura das lojas físicas, a tendência é que o peso do canal estabilize, no entanto, em patamares bastante superiores aos meses anteriores à pandemia. A penetração do canal online no setor deverá passar de 10% em 2019 para 18% a 20% em 2020, um salto ante a média histórica de ganho de um a dois pontos de penetração ao ano.

Tendências

A consultoria aponta ainda algumas tendências como o consumo com causa. Nesse quesito, consumidores buscarão conexão com empresas com posições fortes sobre causas socioambientais e aumentarão a exigência de transparência quanto a práticas responsáveis na cadeia de valor.

Outro caminho diz respeito ao acesso onipresente às marcas e produtos, podendo se tornar norma. O uso de tecnologia e dados para oferecer maior conveniência e facilidade de acesso também é apontado pela Bain como uma tendência. Para a consultoria, consumidores passam a rejeitar a ideia de escolher entre estilo e conforto, aumentando assim a busca intensa por um estilo de vida mais saudável e ativo.

"Vemos uma aceleração dessas tendências com a covid-19, sobretudo na questão digital e de saúde e bem-estar. Além disso, uma tendência de curto prazo - busca por valor - é adicionada, à medida que a recessão causada pela pandemia constringe orçamentos e direciona consumidores para preços mais baixos e mais Value for Money", destaca.

Contato: beth.moreira@estadao.com
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