Economia & Mercados
18/02/2022 12:00

Aeris vislumbra produção nacional para atender demanda offshore a partir de 2024


Por Wilian Miron

São Paulo, 18/02/2022 - Após o governo brasileiro editar o decreto 10.946/2022, com diretrizes para a produção de energia eólica no mar, a chamada geração offshore, a fabricante de pás eólicas Aeris já vislumbra uma produção nacional para atender esse mercado a partir de 2024, e aguarda apenas os projetos já cadastrados começarem a virar demanda por equipamentos para instalar os primeiros moldes.

"Assim que assinarmos os primeiros contratos, podemos produzir em menos de 12 meses", disse o diretor de Planejamento e de Relações com Investidores da companhia, Bruno Lolli, em entrevista ao Broadcast Energia.

Segundo ele, as instalações da empresa no polo industrial do Porto de Pecém, no Ceará, já têm condições de receber moldes para produzir pás eólicas específicas para esta modalidade de geração, que demanda equipamentos de maior porte.

"Quando fizemos a expansão, após o IPO (Oferta Inicial de Ações) nossa fábrica já foi adequada para as pás offshores, que são um pouco maiores. Então pensamos em todas as curvas, no tamanho do prédio, e ainda temos espaço no terreno para expandir as instalações", disse Lolli.

O executivo explicou que, embora o avanço na regulamentação da modalidade de geração seja positivo, neste momento as empresas ainda estão regularizando outorgas e autorizações, que num segundo momento devem se transformar em demanda na indústria de equipamentos, o que pode acontecer nos próximos dois anos.

Até o momento, o Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) analisa pelo menos 36 processos para instalação de aerogeradores no mar nos estados do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Ceará. Esses projetos já somam mais de 80 gigawatts (GW) em capacidade instalada.

Para o diretor de Planejamento e de Relações com Investidores da Aeris, a companhia é uma das principais candidatas a atender esse mercado no Brasil, uma vez que já tem parceria com os maiores fabricantes de aerogeradores que atendem os parques eólicos no País. "Todos os candidatos a entregar os aerogeradores para esses projetos são nossos clientes".

Crescimento

Enquanto prepara sua atuação no mercado offshore, a Aeris mira o amadurecimento de suas linhas de produção que atualmente estão ativas, o que deve colocar os resultados corporativos da empresa num patamar mais confortável a partir do segundo semestre deste ano. "Esperamos que o segundo semestre de 2022 seja muito bom, e que a gente estenda isso".

Para este ano, a empresa deve entregar resultados pelo menos 30% maiores do que os observados em 2021.

De acordo com Lolli, a empresa já tem acordos para fornecimento de 11,8 GW nos próximos anos, e apenas em 2022 a expectativa da companhia é entregar entre 4,3 GW e 5,2 GW em equipamentos para novos parques eólicos. "O que temos de contratos já é mais do que o dobro do que esperamos produzir neste ano".

Paralelamente à demanda aquecida por equipamentos para construção de parques geradores, a indústria nacional tem administrado a alta de custos de matérias-primas, que tiveram seus preços majorados nos últimos dois anos, devido à valorização do dólar ante real e ao frete marítimo mais caro.

No caso da Aeris, contudo, os contratos preveem o repasse dos custos aos clientes. Ainda assim, a companhia adotou uma proteção contra a volatilidade no câmbio ao longo desse ano. Lolli explicou que a empresa tem um câmbio médio de R$ 5,55 e enxerga valores próximos a isso como gerenciáveis. No entanto, se a disparidade entre as moedas brasileira e norte-americana forem maiores do que R$ 5,60 por dólar, a empresa pode necessitar de mais capital de giro. "Mesmo assim, temos espaço grande de alavancagem e posição de caixa mais robusta".

Contato: energia@estadao.com
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