Economia & Mercados
17/01/2022 11:28

Especial: Com zero KM pouco acessível, compra de carro usado bate recorde


Por Eduardo Laguna

São Paulo, 14/01/2022 - Combinada à falta de modelos mais populares nas concessionárias, a disparada nos preços do carro zero quilômetro empurrou os brasileiros ao mercado de usados, onde as vendas batem recorde. O consumidor tem, porém, que rever muitas vezes o seu padrão de exigência para encontrar um veículo que se encaixe em sua realidade financeira.

Segundo levantamento baseado em anúncios publicados no portal da OLX, o consumidor, que em 2018 encontrava carros de dois anos de uso por R$ 55 mil, consegue hoje, pelo mesmo valor corrigido pela inflação, comprar um veículo com cinco anos de uso. Entre preços mais altos e mais baixos, o valor considera a média dos valores pedidos por carros com esse tempo de uso. Atualmente, vendedores de carros fabricados há dois anos estão, na média, pedindo por volta de R$ 80 mil em anúncios na plataforma da OLX.

Termômetro que revela que o mercado não vive uma crise de demanda, mas sim de oferta, as vendas de carros usados subiram 18,8% no ano passado, superando pela primeira vez a marca de 11 milhões de unidades nas estatísticas, iniciadas em 2004, da Fenabrave, a associação das concessionárias de veículos.

Para cada carro zero quilômetro emplacado no Brasil, quase seis são vendidos no mercado de usados, onde o consumidor consegue encontrar preços mais viáveis à sua condição financeira. Ainda assim, o encarecimento dos carros novos também puxou para cima os valores dos usados. Na abertura dos itens que compõem o IPCA, a inflação oficial medida pelo IBGE, os preços dos veículos usados mostraram alta de 18,3% nos últimos dois anos.

Embora as pessoas se mostrem mais interessadas em ter carros para evitar o transporte coletivo e seus riscos de contaminação da pandemia, que se soma agora a um surto de gripe e outras doenças respiratórias, os preços altos são o maior obstáculo apontado em pesquisas de intenção de compra de veículos.

A vantagem do mercado de usados é que o consumidor tem nele uma margem de negociação que não encontra hoje na compra de carros novos, onde há listas de espera por modelos em que a disponibilidade é reduzida.

"Mesmo em meio à crise econômica, a intenção de compra de veículos cresceu. Como as concessionárias não estão com estoque elevado [de modelos zero quilômetro], a margem para negociar o preço é limitada. Uma saída é procurar por carros usados em que há maior liberdade para negociar", diz o economista-chefe da OLX Brasil, Danilo Igliori.

Contato: eduardo.laguna@estadao.com
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