Economia & Mercados
07/03/2022 09:10

Especial: Indicado à presidência do conselho da Petrobras, Landim é próximo de Bolsonaro


Por Fernanda Nunes

Rio, 06/03/2022 - O governo indicou Rodolfo Landim para substituir o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira no conselho de administração da Petrobras. O empresário é duplamente famoso: por ser presidente do Flamengo e por sua carreira no setor de petróleo. A tudo isso se soma sua proximidade com o presidente da República, Jair Bolsonaro.

Ex-funcionário de carreira da Petrobras, o engenheiro chegou a presidir a BR Distribuidora, de 2003 a 2006. Deixou a estatal para assumir cargos de liderança nas empresas do Grupo X, de Eike Batista, com quem tem uma longa rixa, inclusive na Justiça. Landim cobra participação acionária no controle das empresas de Eike, que teria sido combinada, mas ignorada, segundo ele.

Em carreira solo, o empresário criou sua própria petrolífera, a Ouro Preto, vendida em 2020 para que se dedicasse exclusivamente ao clube rubro-negro. Já no Flamengo, a trajetória de Landim foi marcada pelas negociações de indenização das famílias que tiveram os filhos mortos no incêndio no alojamento do time, o Ninho do Urubu, em 2019.

A indicação do empresário ao cargo foi oficializada pela Petrobras em fato relevante divulgado ontem, 5, no qual informa os nomes dos candidatos ao colegiado sugeridos pelo Ministério de Minas e Energia. Se eleito pelos acionistas em assembleia, no próximo mês, o empresário pode ter grande influência sobre os rumos da estatal.

O esperado é que o nome seja aprovado na AGO, já que o governo federal é o sócio majoritário e tem o maior número de votos na assembleia.

A mudança no conselho da Petrobras acontece numa época de muita pressão sobre o presidente da companhia, Joaquim Silva e Luna, por conta dos preços dos combustíveis. Apesar de elevados, os valores não estão acompanhando as oscilações internacionais do petróleo, provocadas pela guerra na Ucrânia.

O general também teve o nome indicado para o conselho, o que é condição para sua permanência como presidente executivo, prevista no estatuto da empresa.

Luna tem seguido a política de Preço de Paridade de Importação (PPI) criada em 2016, durante o governo de Michel Temer. Por ela, a estatal reajusta os preços dos combustíveis em linha com os mercados internacionais. Isso tem sido feito, só que em intervalos maiores de tempo do que os adotados pelos presidentes da Petrobras que o antecederam.

Como o petróleo está disparando, a expectativa é de que, no Brasil, aconteça o mesmo movimento. A Petrobras, no entanto, mantém os valores de refinaria intactos desde 12 de janeiro, à espera ainda de uma sinalização de que a cotação do petróleo e de seus derivados atingiram um patamar definitivamente mais elevado, independente de fatores conjunturais.

A manutenção dos preços ajuda Bolsonaro, pré-candidato à reeleição. Mas não poderá ser mantida num longo prazo, para não corroer o caixa da companhia. Tem sido grande a pressão sobre a empresa.

Contato: fernanda.nunes@estadao.com
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