Economia & Mercados
17/10/2022 17:16

Especial: MRV&CO vai subir preços dos imóveis mais um pouco para recompor margem


Por Circe Bonatelli

São Paulo, 14/10/2022 - Apesar do recuo nas vendas e nos lançamentos consolidados da MRV&CO no terceiro trimestre, o copresidente do grupo, Eduardo Fischer, afirmou que o mais importante no momento foi a continuidade da estratégia de elevação dos preços de vendas dos imóveis, visando à recomposição das margens. E essa estratégia não vai parar por aqui.

"A estratégia está seguindo como a gente tinha planejado", afirmou há pouco, em entrevista ao Broadcast. Para o fim do ano, a companhia dará sequência a essa subida nos preços, ainda que de forma mais moderada. "A maior parte do ajuste de preços já foi feita. Vamos continuar fazendo, mas a agressividade não vai mais ser tão alta assim".

O aumento nos preços e a estabilização dos custos de construção têm ajudado a recompor margem das vendas novas, sendo que a maior parte dos resultados ainda vai surtir efeito no balanço, disse Fischer.

Na apresentação dos números operacionais do terceiro trimestre, o grupo destacou que as vendas nos 12 meses anteriores foram feitas a um tíquete médio 15% maior. Já os resultados apurados no balanço cresceram apenas 3,3% - abrindo um delta de 12,2 pontos porcentuais. Vale lembrar que no setor de construção a receita das vendas dos imóveis é contabilizada de modo proporcional à evolução das obras (e não no ato da comercialização, em si), o que explica essa diferença. "Quando andarem as obras dessas vendas, a margem vai acompanhar", explicou.

A margem bruta da MRV&CO foi de 19,6% no primeiro semestre, 26,6% no mesmo período do ano passado. A explosão nos custos de construção levou à perda da lucratividade.

O executivo confirmou que os ajustes nas condições do Casa Verde e Amarela (CVA) - com redução de juros, subida nas faixas de renda e teto de preços, bem como ampliação dos prazos de financiamento - surtiram o efeito esperado. Na sua avaliação, houve ganho de poder de compra pelas famílias e, ao mesmo tempo, as empresas puderam subir os preços para absorver os custos de construção maiores.

Fischer admitiu, entretanto, que a subida nos preços teve como efeito colateral a perda de vendas. "Subir preço sempre deixa uma 'ressaquinha', né? Ela tende a trazer a venda para baixo em um primeiro momento, mas depois tem reversão", argumentou.

O copresidente da MRV&CO estimou que a safra de lançamentos do quarto trimestre será "bem mais robusta" e "mais encorpada", mesmo com o período de eleições e Copa do Mundo, que costuma atrair a atenção da população.

Em relação à queima de caixa, Fischer explicou que o maior efeito veio da Resia - braço de construção de apartamentos para aluguel nos Estados Unidos e posterior venda dos edifícios inteiros para grandes investidores. O negócio consome caixa na etapa de construção e comercialização, mas depois fatura de uma vez na venda.

"Teve uma queima de caixa mais alta porque a Resia está em ramp up (avanço) importante", explicou. Segundo ele, está prevista uma venda de propriedade neste quarto trimestre que irá balacear a equação sem que a MRV&CO tenha que recorrer a mudanças no plano de financiamento das atividades.

Contato: circe.bonatelli@estadao.com
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