Economia & Mercados
26/05/2022 10:33

Febraban: estimativa de alta do crédito neste ano sobe de 8,3% para 9,7%


Por Matheus Piovesana

São Paulo, 26/05/2022 - O setor bancário espera que o saldo da carteira de crédito suba 9,7% neste ano, um incremento em relação à estimativa anterior, de alta de 8,3%, colhida em março. Os dados são da Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas, que será divulgada nesta quinta-feira pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

De acordo com a entidade, essa é a terceira alta na estimativa, algo que a Febraban atribui ao bom desempenho da carteira até aqui. "Mesmo num cenário de incertezas externas e nacionais, essa projeção de crescimento do crédito revela um desempenho encorajador", afirma em nota o presidente da federação, Isaac Sidney.

O diretor de economia, regulação prudencial e riscos da Febraban, Rubens Sardenberg, destaca que o número também se alinha a outros indicadores, como a inflação, que também influencia no tamanho da carteira de crédito. "Esse avanço das projeções pode ser atribuído aos dados correntes melhores que o esperado, que seguem indicando avanço em 12 meses próximo a 16,5%, além do viés de alta nas projeções de atividade e inflação para este ano", comentou.

A Febraban estima que a carteira com recursos livres puxará o crescimento, com alta de 11,8% em relação a 2021, tanto no crédito para pessoas físicas quanto das jurídicas. O ambiente de reabertura da economia e de retomada do consumo de serviços deve ser a principal alavanca do segmento.

Na carteira de recursos direcionados, porém, também houve revisão para cima, de 5,3% para 7,6%. "Esses dados provavelmente já consideram o efeito da nova rodada dos programas públicos no saldo de operações do segmento", disse Sardenberg. O governo relançou programas como o Pronampe e tem criado outras iniciativas para impulsionar o crédito para empresas neste ano, marcado pelas eleições presidenciais.

Em 2023, a carteira de crédito total deve apresentar desaceleração, com alta de 6,3% em relação a este ano, de acordo com as estimativas. Na pesquisa anterior, esperava-se alta de 6,6%. A revisão para baixo veio da carteira de recursos livres, em que as projeções de alta foram revisadas de 8,1% para 7,7% pelo setor.

Inadimplência

Também houve melhora nas estimativas para a taxa de inadimplência neste ano. Os bancos projetam um índice de atrasos de 3,8%, em relação à carteira total, ante os 4% esperados em março, mas ainda acima dos 3,3% projetados em fevereiro.

Os bancos brasileiros têm afirmado que esperam que os atrasos piorem ao longo deste ano, chegando nos próximos meses a índices semelhantes aos observados em 2019. Isso os colocaria acima dos patamares observados durante toda a pandemia, em que programas do governo e do Banco Central ajudaram a controlar calotes, mas abaixo dos picos vistos entre 2015 e 2017.

"Esta piora indica praticamente uma volta ao padrão pré-pandemia, bem diferente de alguns cenários que nos parecem exageradamente pessimistas sobre a evolução da inadimplência ao longo dos próximos meses", afirmou Sardenberg.

PIB e juros

Ainda de acordo com o levantamento, os bancos ficaram moderadamente mais otimistas com o desempenho da economia brasileira neste ano. Agora, 41,2% esperam crescimento superior a 1% neste ano, enquanto 47,1% projetam alta do PIB entre 0,5% e 1%. Em março, 63,2% dos participantes esperavam um crescimento abaixo de 0,5% em 2022.

Por outro lado, houve uma divisão quanto às expectativas para a taxa Selic. 52,9% dos bancos esperam um ajuste de 0,50 ponto porcentual na taxa básica na próxima reunião do Copom, em junho, para 13,25%, com o encerramento do ciclo de alta dos juros. 47,1%, por outro lado, esperam que a Selic terminal chegue a 13,5% ao ano ou mais.

Para 88,2% dos participantes, a decisão do Copom de sinalizar cautela quanto aos próximos passos da política monetária foi acertada, diante do atual cenário de incertezas.

O aperto monetário nos Estados Unidos, porém, deve ajudar a manter o real em tendência de desvalorização em relação ao dólar ao longo do ano para 52,9% dos bancos. Outro fator a pressionar a moeda brasileira são as possíveis turbulências relacionadas ao cenário político doméstico, com as eleições presidenciais. A expectativa do setor é de que o dólar volte a subir, encerrando o ano em R$ 5,15.

A pesquisa da Febraban é feita a cada 45 dias, logo após a divulgação da ata da reunião do Copom. O atual levantamento foi realizado entre os dias 11 e 17 de maio, e reuniu as percepções de 17 bancos.

Contato: matheus.piovesana@estadao.com
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