Economia & Mercados
04/10/2023 15:19

Banco Mundial mais que dobra projeção de alta do PIB do Brasil em 2023, a 2,6%; corta a de 2024


Por Aline Bronzati, correspondente

Nova York, 04/10/2023 - O Banco Mundial voltou a melhorar a projeção para o crescimento do Brasil em 2023. Desta vez, o organismo, com sede em Washington DC, mais do que dobrou a estimativa, que passou para uma alta de 2,6% neste ano, de 1,2% anteriormente. No ano passado, o Brasil teve expansão de 2,9%.

Para o próximo exercício, porém, o Banco Mundial está mais cético e espera que a economia brasileira desacelere ainda mais, crescendo 1,3%, e não mais 1,4%, conforme a sua projeção de junho último, conforme relatório publicado hoje.

O organismo espera que alguns países da América Latina e Caribe tenham melhor desempenho econômico neste ano a despeito da deterioração projetada para a economia mundial em 2023, o que tende a afetar a região. O Brasil, afirma, é um deles, e as projeções se concretizem deve crescer em ritmo superior ao estimado para a própria América Latina, cuja projeção de crescimento em 2023 é de 2%.

O Banco Mundial também vê o Brasil voltando a aquecer os motores a partir de 2025. O organismo espera que o PIB nacional cresça 2,2%.

Quanto à inflação, o organismo destaca a melhora do custo de vida em alguns países da América Latina após a proatividade dos bancos centrais locais ao anteciparem o aumento das taxas de juros. "O melhor exemplo dessa resposta rápida e precoce da política monetária possivelmente foi o Brasil", afirma, lembrando que os juros no País passaram de 2% em fevereiro de 2021 para 13,75% em agosto de 2022.

"Essa resposta antecedeu em um ano o aperto do Federal Reserve dos EUA e só foi possível devido à competência e independência do Banco Central", observa o organismo. "Como de costume, isso não ocorreu sem resistência do Poder Executivo", diz, referindo-se às críticas do governo brasileiro aos elevados juros no País, que já começaram a cair.

O Banco Mundial alerta para um grande nível de endividamento das pessoas físicas no País, a despeito de reconhecer "tendências fortes" na confiança do consumidor brasileiro. Segundo o economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, William Maloney, o tema preocupa, mas o governo brasileiro está lidando com isso de forma "construtiva". A principal ação é o programa Desenrola, que já renegociou cerca de R$ 16 bilhões em dívidas, conforme a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

"Acho que o Brasil está agindo muito cedo, isso tem sido uma coisa boa", avaliou Maloney, em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira. "Mas todos os países que aumentaram acentuadamente as suas taxas de juro no combate à inflação acabaram tendo de lidar com uma parcela de consumidores que tiveram muita dificuldade para honrar as suas dívidas", acrescentou.

Contato: aline.bronzati@estadao.com
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