Economia & Mercados
29/07/2022 18:40

Especial: Com vendas tímidas, GPA prepara revisão de planos para crescer com 'básico bem feito'


Por Talita Nascimento

São Paulo, 28/07/2022 - "O que essa empresa precisa voltar a fazer urgentemente é crescer em vendas", foi o que disse o CEO do GPA, Marcelo Pimentel, quando questionado sobre qual é o ponto mais importante de sua estratégia para a companhia. O executivo, que teve sua chegada anunciada em março deste ano, diz que a companhia deve voltar a fazer o "básico bem feito" e que está revisando os planos de expansão do grupo no Brasil.

O crescimento de receita bruta do grupo foi 9,3% no segundo trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021. No entanto, a alta foi puxada pelo Grupo Éxito - rede de atuação na Colômbia, Uruguai e Argentina que é controlada pelo GPA. A receita bruta de vendas da operação brasileira (excluindo postos) somou R$ 4 bilhões no segundo trimestre de 2022, alta de 6,3% ante o mesmo período de 2022. Se consideradas só as lojas que já estavam abertas um ano antes, a alta foi de 5,8%, bem abaixo da inflação do período. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumula alta de 11,89%.

O resultado fraco já era esperado, uma vez que a empresa vendeu cerca de 70 pontos comerciais de hipermercados para o Assaí no ano passado e, agora, vive um momento de transição. Para o BTG Pactual, o GPA apresentou um crescimento de receita consolidado "decente" no segundo trimestre, impulsionado por números sólidos no Éxito, que representaram 59% das vendas do grupo.

Para os analistas do banco, Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis, o principal ponto positivo foi novamente o formato bairro, enquanto o indicador do Pão de Açúcar cresceu 4,2%.

As vendas do e-commerce da companhia cresceram 15%, se desconsiderados os números relativos aos hipermercados registrados um ano antes. Essas vendas digitais representaram 10,2% das vendas de alimentos da operação brasileira

Por outro lado, a margem bruta dessa divisão de negócios caiu 130 pontos-base, para 26,2%, pois a empresa não repassou totalmente a inflação de custos para os consumidores. Uma parcela maior de promoções e custos logísticos crescentes, segundo os analistas do BTG também tiveram seu papel. As despesas aumentaram 110 pontos-base como porcentual da receita, novamente afetadas por pressões inflacionárias.

Para o Itaú BBA, os números do Grupo Pão de Açúcar no segundo trimestre ficaram praticamente em linha com as estimativas. "Vale ressaltar que o GPA foi impactado pela pressão da rentabilidade anual e trimestral nos níveis de margem bruta e Ebitda, dado o posicionamento de preços mais competitivo e os ventos contrários do cenário inflacionário", avaliam os analistas Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes.

Melhorias

Mesmo nesse contexto, Pimentel afirma que a rentabilidade da companhia deve melhorar ao longo do tempo. "Perspectivas são positivas para o negócio nos próximos trimestres", afirmou. Ele disse ainda que a expectativa é que o grupo evolua para uma margem Ebitda de dois dígitos no próximo ano.

"No segundo semestre continuaremos vendo melhorias. O cenário macroeconômico competitivo nos coloca em conservadorismo quanto a chegar em (margem) Ebitda de dois dígitos, ficando perto de 9%", afirmou.

Ele afirmou que a companhia busca sortimento de produtos mais eficiente, que leve a crescimento de receita e, consequentemente, dilua mais as despesas da companhia.
Segundo o executivo, os pilares estratégicos do negócio no Brasil são agora Top line (receita), Digital, Rentabilidade, NPS (índice que mede a satisfação do cliente), Expansão e ESG (Meio Ambiente, Social e Governança).

Dentre as propostas de sua gestão, Pimentel disse estar revisando todos os modelos de negócios do grupo, bem como os investimentos em expansão de cada um deles. "Estou me reservando o direito de revisar", afirmou o executivo, que teve sua chegada na companhia anunciada em março deste ano.

Ele diz estar comprometido com a expansão de lojas de marcas Premium, como o Pão de Açúcar e o Minuto Pão de Açúcar. No entanto, ele diz que novas lojas desse segundo modelo devem ser mais visíveis daqui para frente. "No momento inicial, devemos ver aberturas mais aceleradas no modelo de proximidade", afirmou.

Éxito

Chama a atenção do mercado a forma como o grupo Éxito parece deixado de lado pelo discurso da gestão e, há tempos, especula-se que a companhia deve tirar esse ativo do guarda-chuva do GPA. Uma possível venda, como já reportou o Broadcast, ou um spin-off da operação seriam soluções possíveis.

Em uma das poucas falas a respeito do grupo Éxito na teleconferência, Pimentel limitou-se a dizer que a divisão "continua vindo forte, com performance boa". O Grupo Éxito, empresa com atuação na Colômbia, Uruguai e Argentina controlada pelo GPA, apresentou receita bruta de R$ 6,6 bilhões no segundo trimestre de 2022, com crescimento em mesmas lojas de 27,7% ante o resultado de um ano antes. (Colaboraram Nina Gattis e Luísa Laval)

Contato: talita.ferrari@estadao.com
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