Economia & Mercados
02/08/2022 15:40

Especial: sem Santander e bancos brasileiros, Citi deve vender Banamex a grupo do México


Por Aline Bronzati, correspondente, e Altamiro Silva Junior

Nova York e São Paulo, 01/08/2022 - A venda do mexicano Banamex pelo Citi caminha para a fase final e deve ser arrematado por algum banco local, após o espanhol Santander ter sua oferta rejeitada. Estariam no páreo somente grupos do próprio México, incluindo o Banorte, o Inbursa, do bilionário Carlos Slim, o Grupo Financiero Mifel e magnata Germán Larrea, donos de minas de cobre, também mexicano. Os grandes bancos brasileiros chegaram a avaliar o ativo, um dos maiores do país, mas não chegaram a fazer ofertas pelo negócio, cuja venda marca a saída do Citi do varejo bancário mexicano e é estimada na casa dos US$ 8 bilhões a US$ 10 bilhões.

Ao reunir apenas interessados locais, a venda do Banamex vai ao encontro do desejo do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador. Ele defendeu recentemente que a franquia de varejo do Citi fosse vendida a um investidor mexicano como uma forma de evitar demissões em massa no país, dentre outras exigências.

No mercado, seu 'pedido' foi lido como um eventual entrave para a venda do negócio. Questionada por analistas, a presidente do Citi, Jane Fraser, evitou fazer comentários sobre as exigências de Obrador e afirmou apenas que estava "bastante satisfeita" com o interesse do mercado. "O bom desempenho da franquia é mais que suficiente para manter o seu valor", disse a banqueira de Wall Street, durante teleconferência do banco, no mês passado.

Na sequência, o Santander informou ao mercado que teve sua oferta pelo Banamex rejeitada. Segundo o jornal mexicano El Economista, a oferta teria ficado entre US$ 6 bilhões a US$ 8 bilhões, um patamar abaixo do pedido pelo banco americano. De fora do páreo pelo negócio do Citi, tal como ocorreu quando o banco disputava o ativo do banco no Brasil - que foi parar nas mãos do rival Itaú Unibanco, o espanhol vai se debruçar em crescimento orgânico no México, informou o CEO do banco, Jose Antonio Alvarez, na semana passada, em teleconferência do grupo sobre os seus resultados.

A venda do Banamex também atraiu, conforme noticiou a imprensa mexicana, nomes como o inglês HSBC e o mexicano Azteca, do empresário Ricardo Salinas, mas que também acabaram saindo do processo de aquisição. Salinas, aliás, usou suas próprias redes sociais para falar que estava fora: "estive pensando em comprar o Banamex, mas decidi que não", escreveu no Twitter no final de junho.

Já o Banorte, maior banco do México, apresentou no final de julho uma oferta vinculante para levar o Banamex, segundo o jornal El Economista. Para isso, contratou o Bank of America. Por sua vez, Germán Larrea escalou o britânico Barclays para participar do processo.

O Citi é um dos maiores grupos financeiros no México e soma cerca de US$ 55 bilhões em ativos. A expectativa do gigante de Wall Street é assinar a venda do Banamex para um potencial comprador até o início de 2023. A conclusão do negócio, porém, pode levar de 12 a 15 meses, por conta da aprovação de reguladores.

O Citi anunciou a venda do Banamex no começo de 2022 como parte da sua estratégia mundial de centralizar suas operações na área de atacado, saindo do varejo em determinados países. O gigante de Wall Street já deixou de operar junto a pessoas físicas no Brasil, onde vendeu suas operações para o Itaú, na Argentina e na Colômbia. Além dessas regiões, o Citi também está saindo do varejo na Ásia.

Procurado, o Citi não se manifestou sobre o assunto.

Contatos: aline.bronzati@estadao.com; altamiro.junior@estadao.com
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