Por Cynthia Decloedt
São Paulo, 17/02/2022 - O BTG Pactual espera que os investimentos feitos nos últimos anos para diversificar seu mix de receitas e reforçar sua marca de banco de investimento no segmento premium de investidores sustente os resultados da instituição durante 2022. O banco fechou ano passado com receita e lucro recordes. Em evento com investidores na manhã de hoje, o presidente da instituição, Roberto Sallouti, prometeu entregar retorno de 20%, uma marca perseguida historicamente pelo banco e atingida em 2021.
"Achamos que temos inércia no nosso crescimento, percentualmente poderá ver queda no net new money (fluxo de entrada de recursos), mas a nossa perspectiva é otimista e temos alavancagem operacional dados os investimentos feitos", afirmou durante conferência de resultado com analistas e investidores.
O BTG reconhece o impacto da volatilidade do mercado de capitais, com um ambiente de alta de juro, especialmente o acionário em suas atividades de banco de investimento e de administração e gestão de ativos.
"Temos expectativa que parte da diminuição de receitas provenientes da atividade de renda variável seja compensada por emissão de dívida e operações de fusões e aquisições, embora não deva haver compensação de toda a parte de renda variável", disse em conversa com jornalistas. Normalmente, os fees - taxas cobradas na assessoria para emissão de ações - são mais altas do que nas operações de captação com debêntures e outros instrumentos de dívida.
O executivo olha para outras atividades do banco para sustentar a visão de que atravessará esse período de maior turbulência sem impacto nos seus números. Por exemplo, embora não espere expansão da carteira de crédito no mesmo ritmo do ano passado, quando a alta foi de quase 45% frente a 2020, o BTG aposta que receitas sejam naturalmente maiores com a manutenção do spread ou até elevação sobre a carteira já constituída. Ele lembra que o ambiente restritivo de crédito este ano deve favorecer a cobrança de spreads mais elevados.
As receitas com empréstimos para empresas de maior porte e para empresas no segmento de médias e pequenas tiveram recorde no quarto trimestre do ano de 2021, atingindo R$ 742,8 milhões, alta de 24,5% em doze meses e 15,6% frente ao terceiro trimestre. O resultado refletiu expansão da carteira de crédito de 44,6% no quarto trimestre do ano passado frente ao mesmo intervalo de 2020 para R$ 106,6 bilhões.
Gestão de ativos
O BTG entende também que colherá frutos dos esforços feitos de liderança nas áreas de administração e gestão de ativos, onde não têm dispensado esforços para fazer frente a competidores locais e estrangeiros. A queda do juro até meados do ano passado, trouxe um aumento importante no número de investidores para o mercado, que rapidamente aprenderam a diversificar e sofisticar suas carteiras.
Ainda que haja uma queda esperada no fluxo de entrada de novos recursos, o chamado net new money, que atingiu o recorde de R$ 326 bilhões em 2021, Sallouti espera continuidade suficiente nos fluxos para manter receitas na administração de ativos em patamares sólidos. Isso porque o investidor vai alternar os investimentos e não deixar de investir. A mesma lógica vale para a gestão de fortunas. Em fevereiro, o total de ativos sob administração e gestão do BTG alçou a marca de R$ 1 trilhão.
Outros focos estratégicos são o banco digital, o segmento de varejo e a internacionalização do banco, especialmente na América Latina. A ideia do BTG é gradualmente elevar o porcentual de receitas de países da região no total das receitas. Atualmente, as franquias da América Latina são responsáveis por entre 10% e 15% das receitas totais.
"Começamos com aquisição das corretoras, temos presença na Argentina, México, Peru, Colômbia e Chile, que já foi transformado em banco de investimento. Isso pode acontecer na Colômbia", citou o diretor financeiro do BTG Pactual, João Dantas.
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