Por Denise Luna
Rio, 05/07/2019 - Furnas pretende economizar R$ 30 milhões por ano com a transferência da sede de um complexo de prédios da zona sul do Rio de Janeiro para o Centro do Rio. Segundo a estatal, a proposta de transferência da sede foi motivada pela política de racionalização de custos e despesas da empresa, e ainda vai passar pelo seu Conselho de Administração. A economia corresponde a 50% dos gastos da empresa com aluguel e serviços.
Furnas é subsidiária da Eletrobras, estatal que está em vias de ser privatizada por meio de uma capitalização, na qual o governo perderá o controle da companhia, que é a maior geradora de energia elétrica do País. "A expectativa da diretoria da estatal é de que a mudança ocorra no primeiro trimestre de 2020", informou Furnas.
De propriedade da Fundação Real Grandeza, os prédios onde a sede de Furnas funciona desde 1971 foram projetados para abrigar cerca de 6 mil funcionários, e hoje atendem a apenas 1.500 colaboradores, argumenta a estatal. "As instalações também requerem reformas com as quais Furnas não pode arcar", explicou a companhia.
A notícia da mudança de Furnas provocou a reação da Associação dos Empregados (Asef), que vê na decisão o início de um processo de desmantelamento dos valores da companhia para facilitar uma eventual privatização. O comércio no entorno da empresa também vem realizando protestos, depois de já ter sofrido com a redução do número de empregados de Furnas, da ordem de 20% desde 2016.
"A diretoria assumiu há dois meses e já quer acabar com a nossa história. É assim que eles agem, minando a nossa identidade", disse mais cedo o diretor da Asef, Felipe Araújo, ao Broadcast. Hoje, os empregados deram um abraço simbólico em Furnas, repetindo um ato realizado no governo Fernando Henrique Cardoso, que tentou sem sucesso privatizar a estatal.
De acordo com a direção de Furnas, as futuras instalações, possivelmente no Centro do Rio, "atenderão às necessidades da estatal de layout inteligente, custo adequado de locação e proximidade ao centro de transporte do município". Eles afirmam também que está sendo criada uma curadoria, com a atribuição de promover o resgate e a preservação da memória e da identidade cultural da companhia.
Contato: denise.luna@estadao.com
