Economia & Mercados
28/06/2023 10:37

Especial/Projeções Broadcast: Maioria vê meta mantida em 3%, mas mudança para regime contínuo


Por Marianna Gualter, Italo Bertão Filho e Daniel Tozzi Mendes

São Paulo, 26/06/2023 - A três dias da reunião de junho do Conselho Monetário Nacional (CMN), a manutenção da meta de inflação no País em 3,0% é prevista pela maioria das instituições consultadas pelo Projeções Broadcast: 94% de 32 casas. Entre elas, 77% projetam alteração para o sistema de meta contínua. Não há consenso entre os participantes sobre a conservação ou não do intervalo de tolerância da meta em 1,50 ponto porcentual.

Há cerca de quatro meses, a visão majoritária no mercado era outra. Um levantamento Projeções Broadcast anterior, realizado com um número menor de instituições, indicava que 67% das casas consultadas estimavam um aumento da meta para um nível entre 3,5% e 4,5%.

Entre as instituições que preveem a manutenção da meta em 3,0%, está o Bank of America (BofA). Em relatório, o banco afirma que não espera mudanças no alvo, mas aventa possíveis alterações no mecanismo: uma alteração para uma meta móvel de 12 meses e uma ampliação da faixa de tolerância.


 Sumário da pesquisa 
 Indicador   Mediana (%)   Média (%)   Piso (%)   Teto (%)   Instituições 
Meta em 2024 3,00 3,00 3,00 3,00 32
Meta em 2025 3,00 3,02 3,00 3,50 32
Meta em 2026 3,00 3,02 3,00 3,50 32
Tamanho do intervalo de tolência* 1,50 1,60 1,50 2,00 31
Fonte: Projeções Broadcast

A manutenção da banda de tolerância em 1,5 ponto porcentual é a percepção majoritária entre as casas que responderam a este questionamento: 77%. Sete das 31 casas (23%), porém, veem aumento entre 0,25 ponto e 0,50 ponto.

É o caso da Kínitro Capital, que prevê elevação do intervalo para 2,0 pontos. "Deve ficar meio que uma bola dividida, para acomodar o fato de que a meta não será mexida", afirma o economista João Savignon, que projeta manutenção da meta em 3,0%.

Para ele, o CMN deve alterar o modelo de ano-calendário para o de meta contínua. Juntas, essas modificações podem ser importantes para o trabalho do Banco Central (BC) em momentos de choque inflacionário, avalia. "Dá mais espaço para uma acomodação mais suave", argumenta o economista da Kínitro. "Trabalhando com uma inflação entre 1,0% e 5,0% e num sistema de meta contínua, o BC tem mais espaço para mitigar a propagação desses choques sobre os demais preços da economia."

Já na MB Associados, o economista-chefe Sergio Vale não espera mudanças no intervalo de tolerância, embora concorde com a manutenção da meta em 3,0% e com a mudança do regime de ano-calendário. Vale não descarta que uma ampliação para 2,0 pontos possa ocorrer, mas afirma que ela poderia ser negativa à frente, quando associada a uma mudança no comando da autoridade monetária.

"Mudando o perfil do BC e tendo uma meta mais elástica, com teto mais alto, corre o risco de termos uma meta parecida com a do governo Dilma, que era de 4,5%, e a inflação ficava permanentemente próxima do teto da meta. Esse cenário era extremamente prejudicial para a reputação do BC", afirma.

Vale acrescenta que não há nesse momento uma justificativa técnica para alterar a magnitude da meta. "O que está sendo feito hoje em termos de política monetária já ajuda a alcançar uma inflação de 3,0% no ano que vem", diz. Ele avalia ainda que abandonar o regime de ano-calendário pode trazer mais flexibilidade para o BC.

Cinco entre 32 participantes afirmaram que não veem mudança do regime de ano-calendário para meta contínua e outras duas instituições não indicaram resposta ao questionamento. Entre as casas que não veem a mudança para meta contínua está o Banco MUFG Brasil. O economista-chefe do banco, Carlos Pedroso, pondera que se essa alteração ocorresse, a consequência não seria ruim, porque na prática o BC já quase trabalha desta forma, ao considerar o período relevante para a política monetária.

Se houvesse algum impacto, porém, seria marginalmente negativo, emenda, considerando que seria uma alteração em um período em que a política monetária recebe muitas críticas do meio político e empresarial.


 Reunião de junho do Conselho Monetário Nacional (CMN) 
 Instituição   Meta em 2024 (%)   Meta em 2025 (%)   Meta em 2026 (%)   Tamanho do intervalo de tolerância (p.p.)   Haverá mudança do regime de ano-calendário para o de meta contínua? 
4intelligence 3,00 3,00 3,00 1,50 Não
ASA Investments 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
AZ Quest 3,00 3,00 3,00 2,00 Sim
Banco ABC Brasil 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
Banco BRB 3,00 3,00 3,00 1,50 Não
Banco BRP 3,00 3,00 3,00 1,75 Sim
Banco BV 3,00 3,00 3,00 1,50 -
Banco Inter 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
Banco MUFG Brasil 3,00 3,00 3,00 1,50 Não
Banco Safra 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
Bank of America (BofA) 3,00 3,00 3,00 - -
Banrisul 3,00 3,00 3,00 1,50 Não
Bradesco Asset 3,00 3,00 3,00 1,50 Não
Buysidebrazil 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
Caixa Asset 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
Daycoval Asset 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
G5 Partners 3,00 3,00 3,00 2,00 Sim
GAP Asset 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
Itaú Unibanco 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
Kínitro Capital 3,00 3,00 3,00 2,00 Sim
MAG Investimentos 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
MB Associados 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
Órama Investimentos 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
Petros 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
PicPay 3,00 3,00 3,00 2,00 Sim
Quantitas 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
Rabobank 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
Tendências 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
Warren Rena 3,00 3,00 3,00 1,50 Sim
XP Investimentos 3,00 3,00 3,00 2,00 Sim
Mirae Asset 3,00 3,00 3,25 1,50 Sim
Análise Econômica 3,00 3,50 3,50 2,00 Sim
Fonte: Projeções Broadcast

Contato: marianna.gualter@estadao.com, italo.filho@estadao.com e daniel.mendes@estadao.com
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