Brasília, 04/05/2018 - O Banco Central esclareceu há pouco, por meio de sua assessoria de imprensa, que o Banco Neon, cuja liquidação extrajudicial foi decretada na manhã de hoje, não é uma startup, mas sim um banco tradicional, com cerca de R$ 200 milhões em ativos. Deste montante, cerca de R$ 25 milhões dizem respeito a contas digitais e emissão de cartões pré-pagos.
Já a Neon Pagamentos é considerada uma startup propriamente dita, que presta serviços ao Banco Neon. De acordo com o BC, a Neon Pagamentos não está em liquidação e poderá continuar a operar normalmente. Os acionistas da Neon Pagamentos, inclusive, não são os mesmos do Banco Neon.
A Neon Pagamentos funciona como uma grande prestadora de serviços de processamento a instituições financeiras - no caso, o Banco Neon. Por meio da plataforma tecnológica da Neon Pagamentos, os clientes conseguiam abrir contas digitais e emitir cartões pré-pagos do Banco Neon.
As irregularidades foram encontradas no Banco Neon - e não na Neon Pagamentos, que nem mesmo é fiscalizada pelo BC. A autarquia decretou a liquidação do banco em função da "existência de graves violações às normas legais e regulamentares que disciplinam a atividade da instituição".
Segundo informou o Broadcast mais cedo, entre as irregularidades estão deficiência patrimonial e não observância das regras de lavagem de dinheiro.
A Neon Pagamentos, por sua vez, poderá continuar a funcionar normalmente. Ontem, inclusive, a plataforma recebeu o aporte de R$ 72 milhões em uma rodada de investimentos voltada para startups. Entre os investidores estão o fundo brasileiro Monashees e o Omidyar Network, do fundador do eBay, o bilionário Pierre Omidyar.
Na prática, com a liquidação do Banco Neon, a Neon Pagamentos terá que prestar serviços a outras instituições financeiras. Nada impede a Neon Pagamentos de, a partir de segunda-feira, fazer a interface entre clientes e outros bancos tradicionais.
O BC esclareceu ainda que todos os clientes que tiveram cartões pré-pagos emitidos pelo Banco Neon serão restituídos. Além disso, quem abriu conta digital no banco, com valores pequenos, de até R$ 250 mil, serão restituídos por meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). A expectativa é de que a liberação dos recursos pelo FGC ocorra rapidamente, em poucas semanas. (Fabrício de Castro - fabricio.castro@estadao.com)