Economia & Mercados
24/11/2021 08:57

Ministro da infraestrutura exibe desempenho, mas funding para investimentos é dúvida


Por Juliana Estigarríbia

São Paulo, 23/11/2021 - O ministro da Infraestrutura, Tarcisio Freitas, voltou a destacar o êxito da carteira de projetos de infraestrutura do governo nesta terça-feira, durante evento do setor. Na ocasião, porém, empresários chamaram atenção para o potencial desequilíbrio entre o volume de projetos e a disponibilidade de recursos para financiá-los.

"A carteira atual de projetos é bastante extensa, no nível federal e estadual, mas em algum momento vamos ter mais projetos do que investidores", disse o presidente da CCR LamVias, Eduardo Camargo, durante evento P3C sobre infraestrutura.

Para o ministro, esses projetos se financiarão com lastro em si mesmos. Segundo Freitas, a grande fronteira a ser rompida no setor é a expansão de project finance.

"Haverá um despejo de investimentos no Brasil, com financiamentos baseados e lastreados nos próprios projetos, o que já está virando realidade. Já temos exemplos de projetos assim, com motivação dos bancos em realmente abraçá-los."

Além dessa parcela arcada pelos bancos, o governo também vê espaço no mercado de capitais, apesar do atual engasgo na fila de ofertas de ações, dada a insegurança que assola o mercado em relação ao controle e a previsibilidade fiscal do País. "Hoje, os projetos são bancáveis por si só, temos observado um crescimento do mercado de capitais no funding."

Freitas prestou contas do desempenho até aqui, em infraestrutura. "Foram realizados 121 leilões desde 2019, com R$ 610 bilhões contratados em energia, rodovias, aeroportos. O atual governo considerou infraestrutura como um tema de Estado."

Ele observou que anteriormente os projetos de infraestrutura eram viabilizados por meio de uma política de juros subsidiados, que davam uma "falsa sensação" de que faziam sentido. "No final das contas, isso gerava uma sensação de mercado fechado."

Mas o bom andamento das concessões também reforça a necessidade de funding para os investimentos contratados. Segundo Camargo, este é um ponto de atenção para que os programas possam ser colocados no devido tempo para avaliação dos investidores. "Precisamos olhar projetos com atenção, somos preocupados com a execução."

Após arrematar inúmeros leilões neste ano, Camargo enfatizou que a companhia continuará investindo. "A CCR tem intenção de continuar investindo, somos o principal investidor de infraestrutura na América Latina. Continuamos com ambição grande nos três modais em que atuamos, temos um balanço ainda saudável para poder alavancar a companhia e colocar mais investimentos na praça."

A emissão de dívida tem cumprido um papel relevante para suprir a estancada que houve na captação via oferta de ações e a redução de fontes de financiamento com recursos públicos, nas quais o setor historicamente se fiou. Segundo o CFO da B3, Daniel Sonder, a B3 já promoveu R$ 126,2 bilhões em ofertas de ações neste ano, sejam primárias ou secundárias. O volume em dívida, porém, é maior.

"Foram R$ 211 bilhões de ofertas de dívida, este é um mercado que tem crescido muito, especialmente a partir do momento em que bancos públicos deixam de ter um papel principal de fornecer capital para empresas no País", observou ele durante o mesmo evento.

Somente em infraestrutura, segundo Sonder, a B3 promoveu R$ 96 bilhões em concessões e alienações neste ano. "A pandemia não fez a agenda de infraestrutura parar. Foram mais de 70 leilões desde março, quase 250 proponentes e mais de 145 ativos licitados."

No entendimento do CFO da B3, o ambiente regulatório e de projetos no Brasil está estimulando investimentos em infraestrutura. "A partir de 2019, tivemos uma retomada forte de concessões, também no nível estadual."

Contato: juliana.estigarribia@estadao.com
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