Economia & Mercados
16/04/2021 09:02

Especial: voos sobem nos EUA, mas fraca demanda global ainda deve penalizar balanços de aéreas


Por Eduardo Gayer

São Paulo, 15/04/2021 - A trajetória de recuperação da economia americana já tem reflexos nas empresas aéreas, fortemente afetadas pela pandemia. Com o afrouxamento de medidas restritivas, o número de embarques em voos nos Estados Unidos vem subindo consideravelmente desde meados de fevereiro, quando a vacinação contra a covid-19 ganhou fôlego. Ainda assim, os balanços de empresas aéreas como American Airlines e United Airlines, que serão divulgados na próxima semana, ainda devem trazer prejuízo líquido por ação, refletindo a fraqueza na demanda global por viagens.

Como mostra o gráfico abaixo, elaborado pelo Broadcast a partir de dados públicos da Administração de Transportes e Segurança dos EUA (TSA, na sigla em inglês), o número de embarques em voos no país no mês de março de 2021, 38,050 milhões, já é superior ao registrado no mesmo período do ano passado, 32,856 milhões, quando a pandemia exigiu medidas de confinamento em todo o mundo. Apesar do repique, o nível segue abaixo dos tempos pré-covid. Em fevereiro de 2020, antes do contágio global do vírus, os EUA registraram aproximadamente 60 milhões de embarques.

A tendência crescente vem se mantendo em abril, diante do arrefecimento da pandemia nos EUA. Entre os dias 1º e 14 deste mês, o TSA computou 19,779 milhões de embarque, muito além do 1,112 milhão informado no mesmo intervalo de 2020.

De acordo com Boris Schlossberg, analista e diretor da BK Asset Management, as viagens a lazer já voltaram com força na maior economia do mundo, mas deslocamentos a negócios seguem baixos. "Tende a ser uma tendência secular, em vez de cíclica. A pandemia teve um enorme impacto na propagação de novas tecnologias que tornam obsoleta a maioria das viagens de negócios. Isso sugere que haverá grandes mudanças no setor aéreo", avalia. "Embora os viajantes a negócios representassem uma porcentagem menor do tráfego geral de passageiros, eles eram muito mais insensíveis ao preço, permitindo que as companhias aéreas cobrassem de três a cinco vezes mais por comodidades como reservas de última hora e assentos comerciais", explica Schlossberg.

Analistas do Bank of America (BofA) lembram que as viagens internacionais seguem muito deprimidas, diante da vacinação lenta em termos globais. "Longas quarentenas e novas cepas do coronavírus podem limitar a recuperação das aéreas", diz o banco, em relatório enviado a clientes. "Apesar das perspectivas desanimadoras para as viagens aéreas internacionais, devemos observar que o frete aéreo se recuperou com força devido à forte demanda impulsionada pelo apoio fiscal", acrescenta.

Seja como for, a soma do impulso americano e dos gargalos persistentes no cenário global ainda deve ser negativa para importantes empresas aéreas. American Airlines e United Airlines, gigantes americanas do setor, por exemplo, devem registrar prejuízo líquido de US$ 3,97 e US$ 7,01 em termos ajustados por ação no primeiro trimestre de 2021, respectivamente, segundo estimativas divulgadas pelo Yahoo Earnings.

A United Air Lines divulga o balanço do primeiro trimestre de 2021 em 19 de abril e a American Airlines, no dia 22. Os dois resultados serão reportados pelo Broadcast.

Hoje, a Delta Air Lines informou prejuízo líquido de US$ 3,55 nos primeiros três meses do ano, além da previsão de - US$ 3,13, frustrando o mercado.

Contato: eduardo.gayer@estadao.com
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