Economia & Mercados
22/07/2022 16:53

Especial: Volta de Ferreira Jr para Eletrobras anima mercado que espera empresa mais eficiente


Por Wilian Miron e Ludmylla Rocha

São Paulo, 20/07/2022 - O pedido de demissão de Wilson Ferreira Júnior da presidência da Vibra Energia, pavimentou o retorno do executivo à Eletrobras, companhia que conduziu de 2016 até março do ano passado. Agora, o nome de Wilson deve ser referendado pelo novo conselho de administração da empresa, que será eleito dia 05/08.

Pelo trabalho realizado à frente da companhia, o nome de Wilson Ferreira Júnior era o mais cotado tanto por investidores, quanto por agentes do setor elétrico, para assumir a empresa agora sob gestão privada, e avançar na estruturação de uma “nova Eletrobras”.

No período em que dirigiu a ex-estatal, Ferreira Júnior foi responsável por um ambicioso plano de reestruturação da empresa, que consistiu no saneamento das contas da companhia e na venda de ativos, deixando a empresa mais “enxuta”: sob sua gestão, a Eletrobras reduziu custos de pessoal, materiais, serviços de terceiros e outros (PMSO), que caíram de R$ 12,8 bilhões para R$ 9,1 bilhões entre 2016 e 2020.

Em relação ao endividamento, o período de gestão de Ferreira foi marcado por uma redução da alavancagem, que saiu de 3,6 vezes dívida líquida/Ebitda, em 2016, para 1,5 vez, no encerramento em 2020. Na ocasião, o executivo apontou que a estrutura ótima seria de 2,5 vezes.

Já em termos de estrutura, o executivo conseguiu reduzir o número de Sociedades de Propósito Específico (SPEs) com participação da estatal. Entre 2016 e 2020, esse número caiu de 178 para 94. A meta dele era chegar a 49, incluindo a incorporação da Amazonas GT à Eletronorte.

Paralelamente à reestruturação financeira, o executivo foi o principal responsável por construir as bases da privatização da Eletrobras, concluída neste ano, já sob a gestão de Rodrigo Limp. Em sua saída, Wilson Ferreira sinalizava qual caminho a Eletrobras deveria trilhar após se tornar privada: gerar ganhos operacionais, se tornar mais eficiente, e voltar a investir.

Por conta disso, hoje, com o anúncio da saída de Wilson Ferreira da Vibra, companhia que assumiu no ano passado, após deixar a Eletrobras, as ações da empresa deram novo impulso, e a Eletrobras ON terminou o dia cotado a R$ 44,37, alta de 0,34% em relação ao pregão de ontem.

Uma fonte do mercado que aceitou falar com o Broadcast Energia sem ter o nome divulgado, disse que “Wilson volta à Eletrobras porque esse foi o principal projeto da vida dele. E ele volta para a maior empresa de energia elétrica da América Latina sendo que foi o principal ‘general’, digamos assim, das mudanças na Eletrobras enquanto estatal”. Em relatório, a Eleven Financial destacou que o retorno do executivo representa a continuidade do processo de turnaround iniciado por ele.

Embora Wilson Ferreira fosse o nome preferido para conduzir a empresa nessa nova fase, o mercado vinha especulando quem seria o executivo escolhido para dirigir o processo de reestruturação da Eletrobras e destravar valor dos ativos da companhia.

Em relatórios recentes, o analista do banco UBS, Giuliano Ajeje, tem destacado que o novo presidente da Eletrobras terá pela frente a missão de realizar uma transformação na empresa, visando a comercialização de energia num mercado liberalizado, e que o executivo precisa ter características como: conhecimento do setor, gestão de pessoas, e habilidades políticas, além de profundo conhecimento da empresa.

Para o sócio da Mundo Investimentos, Eliel Lins, essas qualidades Wilson tem de sobra: “é vista com bons olhos pelo mercado, profissional com vasta experiência no setor elétrico e passagens pela Rio Grande Energia, CPFL e pela própria Eletrobrás”. Ele destaca que com o retorno do executivo e a privatização, a expectativa é que a empresa se torne mais eficiente, produzindo ganhos aos acionistas.

Contato: wilian.miron@estadao.com; ludmylla.rocha@estadao.com
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