Economia & Mercados
29/05/2023 09:08

Exclusivo/HDI/Eduardo Dal Ri: Brasil é prioridade para aquisições do grupo


Por Matheus Piovesana

São Paulo, 27/05/2023 - O Brasil é prioridade para o grupo alemão Talanx, dono da seguradora HDI, quando o assunto é aquisição, de acordo com o CEO da HDI Seguros no Brasil, Eduardo Dal Ri. Ele pontua, no entanto, que o foco da empresa nos próximos meses será integrar as operações existentes com as que adquiriu. A lista foi reforçada neste sábado, com a compra de boa parte da operação brasileira da americana Liberty.

"Começou em janeiro o processo formal [de venda da Liberty[, e nós nos candidatamos, tanto para o Brasil quanto para Colômbia, Chile e Equador, porque queremos crescer muito no Brasil e na América Latina", disse o executivo em entrevista exclusiva ao Broadcast. "O Brasil é um dos países prioritários para investimentos inorgânicos da HDI."

A transação anunciada neste sábado, a maior do setor na última década, envolve operações da Liberty no Brasil, no Chile, na Colômbia e no Equador, e tem valor de cerca de US$ 1,48 bilhão, o equivalente a R$ 7,4 bilhões. A carteira brasileira é de longe a maior das quatro.

Com ela, a HDI mais que dobrará de tamanho no Brasil: as operações adquiridas geraram R$ 6,1 bilhões em prêmios de seguros no ano passado, enquanto a HDI arrecadou R$ 4,5 bilhões. Dentro do grupo Talanx, o País passará a figurar entre as cinco maiores operações fora da Alemanha. Hoje, está mais próximo da décima posição.

Este salto é fortalecido por um terceiro elemento: a carteira de varejo da japonesa Sompo, comprada no ano passado, em transação que deve ser fechada em cerca de um mês, como mostrou a Coluna do Broadcast na semana passada. O cheque assinado à época foi superior a R$ 1 bilhão.

"Estamos sempre abertos. Temos muito trabalho pela frente, é um processo [de integração] bem delicado", afirma Dal Ri. "Mas assim como com aproveitamos a oportunidade, que não era tão óbvia, mesmo com a aquisição da Sompo, se surgir outra, claro que vamos olhar."

Massa crítica

O mercado brasileiro de seguros tem sido menos movimentado em fusões e aquisições que outros de perfil similar, como o de saúde suplementar, mas algumas grandes transações têm acontecido. Em 2020, a Allianz comprou a carteira de seguro automotivo da SulAmérica, processo do qual Dal Ri participou à época. Em 2022, houve a própria transação entre Sompo e HDI.

Essas movimentações fortalecem o topo da pirâmide. A HDI, por exemplo, passará à segunda posição de mercado se excluídos os seguros de vida e produtos de previdência, ou seja, considerando ramos como os de danos e responsabilidades. "Nos ramos de varejo, ter massa para precificar corretamente é fundamental e vital", adiciona o CEO da HDI no Brasil.

No Sul do País, em que a HDI tem forte presença, a empresa combinada será líder de mercado, enquanto no Nordeste e em Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal, ganhará musculatura. "Me importa pouco a palavra liderança, mas é legal poder contar com mais base de dados. O principal insumo para calcular preço de seguro é base de dados."

O mesmo acontecerá em canais de venda. A HDI tem 30,2 mil corretores, enquanto a Liberty tem 20 mil. Dal Ri afirma que há alguma sobreposição, ou seja, corretores que vendem produtos das duas companhias, mas considera que a maior parte deles não se enquadra neste grupo.

A transação não envolve a marca Liberty, e a HDI não descarta trabalhar com multimarcas, ou seja, sem estender o nome HDI à carteira que acaba de comprar. A operação depende do aval da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) .

Contato: matheus.piovesana@estadao.com
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