Por Karla Spotorno
São Paulo, 13/02/2024 - Os dados de índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos em janeiro vieram mais altos do que o esperado. Com isso, pouco contribuem para dar ao Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) a "maior confiança" que precisa para começar a cortar as taxas, segundo os analistas da Wells Fargo.
Os preços da gasolina caíram pelo quarto mês consecutivo, mas um salto excessivo em serviços de energia e alimentos moderou qualquer entusiasmo pela queda dos combustíveis, segundo relatório. Excluindo alimentos e energia, o núcleo do CPI subiu 0,4% no mês, um décimo mais forte do que a previsão do consenso.
"Os preços dos bens do núcleo permaneceram em território deflacionário em meio à normalização em curso entre oferta e demanda para muitas das subcategorias, como carros usados. No entanto, a inflação dos serviços do núcleo veio 'quente' em 0,7%, o maior ganho em 16 meses", diz o relatório.
Este encarecimento aconteceu em meio a um aumento nos preços do aluguel equivalente ao dos proprietários (OER, na sigla em inglês), serviços de cuidados médicos e serviços de viagens, como passagens aéreas e hotéis.
Os analistas da Wells Fargo Sarah House e Michael Pugliese escreveram no relatório que os dados mensais de inflação podem ser "ruidosos" e que isso foi especialmente verdadeiro em janeiro, quando as empresas ajustaram os preços no início do ano de uma maneira que "nem sempre é bem capturada pelo processo de ajuste sazonal".
"Suspeitamos que a inflação retomará sua trajetória descendente nos próximos meses. Dito isso, o relatório de hoje é um lembrete de que o caminho de volta para uma inflação de 2% provavelmente terá algumas pedras no caminho, e dão força aos falcões no FOMC, que expressaram ceticismo de que um afrouxamento iminente da política seja justificado", escreveram House e Pugliese.
Eles disseram que ainda há mais duas divulgações de CPI entre agora e a reunião do FOMC de maio, além de uma série de outros dados econômicos. "Mas o momento do primeiro corte na taxa está em risco de demorar até chegar o verão", afirmam.
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