Por Camila Turtelli
Brasília, 19/11/2019 - O debate sobre o racismo dominou o plenário da Câmara na noite desta terça-feira, 19, depois do episódio envolvendo um parlamentar e uma exposição sobre o tema nos corredores do Congresso. Horas mais cedo, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) arrancou da parede da mostra uma charge do artista Carlos Henrique Latuff de Sousa em que aparecia um policial, de arma na mão, e um rapaz negro estendido no chão, com a camisa do Brasil e algemado. No cartaz, lia-se a frase “O genocídio da população negra”.
No plenário, o debate é intenso. O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) questionou o genocídio negro. “Quando falam essa falácia aqui que o negro morre por ser negro é uma grande mentira”, disse. “Alguns vão à mídia para falar que acham que o negro morre, porque ele é negro. Ele morre, porque sustenta um fuzil”, afirmou.
Parlamentares da oposição criticaram a atitude do deputado Coronel Tadeu. “A violência de rasgar uma placa de uma exposição dentro do Congresso é compatível com a violência que se vê nas periferias e favelas por parte do Estado”, afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSOl-RJ).
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) classificou como “inaceitável” a atitude. “É inaceitável, é desonroso para esta Casa que um Deputado Federal não tenha tolerância, não respeite a história dos negros no Brasil, não perceba a gravidade do genocídio praticado nessa sociedade contra a juventude negra e pobre da periferia do Brasil”, disse.
A bancada do PSOL afirmou que irá protocolar representação no Conselho de Ética da Câmara e na Procuradoria Geral da República contra o deputado Coronel Tadeu.