Política
20/05/2018 12:11

Mais de cem magistrados estão sob ameaça no País, como os juízes da Lava Jato


Brasília, 20/05/2018 - Levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), obtido pelo Estado, aponta que 6 em cada mil magistrados estão sob ameaça no Brasil. Os riscos na atuação profissional são maiores para os juízes de primeira instância - a média sobe para 7 em cada mil - e menores para desembargadores, quando o índice cai para 2 por mil. Ao todo, 30 dos 82 tribunais citados na pesquisa relataram casos de ameaças, contabilizando 110 magistrados em situação de risco no ano passado.

Este é o caso dos principais magistrados que analisam casos relacionados à operação Lava Jato. Eles vivem sob escoltas ou já relataram ter sido ameaçados. A operação, iniciada em 2014, descobriu desvios de milhões de reais dos cofres públicos e condenou e prendeu políticos e empresários por crimes de corrupção. Levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), obtido pelo Estado, aponta que 6 em cada mil magistrados estão sob ameaça no Brasil.

Responsável pela Lava Jato no Rio, o juiz da 7.ª Vara Federal Marcelo Bretas vive sob proteção policial 24 horas por dia. O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, recebe proteção diária de agentes de segurança. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), também ganhou reforço na segurança pessoal e para sua família depois de revelar, em março, que tem sofrido ameaças.

Com 20 anos de carreira, Marcelo Bretas viu a sua vida mudar há dois anos, quando passou a cuidar dos casos relacionados ao esquema de corrupção instalado na Petrobras. “Eu não tenho liberdade, nem eu nem a minha família. É uma vida sem liberdade”, afirmou o juiz, depois de participar de evento em Brasília no último dia 7. “É um preço a pagar. A questão é isso: não é o ideal, mas agora vou até o fim. Já estou nisso, então vou continuar”, disse.

Se por um lado sente falta da liberdade, Bretas reconhece que vê com satisfação o reconhecimento das pessoas ao seu trabalho. “Não sou uma pessoa vaidosa, sou um servidor público e se as pessoas estão satisfeitas com o meu trabalho, eu tô realizado, tô feliz. É como ser empregado e o seu patrão está elogiando. Isso é o sonho de qualquer um que é trabalhador”, comentou. “Eu sou temente a Deus e tô fazendo meu trabalho certinho. Ninguém vai parar a Justiça”, completou o juiz.

Moro. Autor das 134 ordens de prisões da Operação Lava Jato de Curitiba - entre elas as do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do empresário Marcelo Odebrecht -, Sérgio Moro manteve, até meados do segundo ano de operação - iniciada em 2014 -, o hábito de ir de bicicleta ao trabalho, almoçar no bandejão do prédio da Justiça Federal, esperar a carona da mulher na frente do Fórum ao final do expediente e passear no parque com a família.

De início, ele resistiu à escolta armada. Mas aos poucos teve que readaptar sua rotina, revivendo uma situação pela qual tinha passado há dez anos, quando condenou o traficante carioca Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e passou seis meses vivendo sob proteção de agentes federais e policiais civis.

Contudo, nos últimos dois anos Moro procura evitar restaurantes cheios, idas ao shopping, encontros com amigos - a maior parte do meio jurídico, como outros juízes e advogados - e vive uma rotina que o leva de casa ao trabalho, com alguns intervalos para viagens - como a mais recente que fez aos EUA, para palestras e eventos. Sua escolta é formada por agentes de segurança judiciária da Justiça Federal do Paraná e da Polícia Federal - ambos cumprem o papel de “sombra armada” de Moro, que alega “questões de segurança” para não comentar sobre o assunto. (Rafael Moraes Moura e Amanda Pupo)
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