Política
27/11/2017 12:48

Moro: minha maior frustração seria tudo o que fizermos não ir adiante


São Paulo, 27/11/2017 - O juiz federal Sergio Moro citou a omissão da classe política em resolver falhas legislativas que permitem a corrupção, como o foro privilegiado e a falta de barreiras ao loteamento das estatais, como sua maior frustração desde o início da operação Lava Jato. "Minha maior frustração seria tudo o que fizermos não ir adiante", disse.

Ao participar de fórum realizado pela revista Veja, Moro defendeu o que chamou de Plano Real contra a corrupção, referindo-se, disse, a um plano considerado tanto pela direita quanto pela esquerda como bem sucedido no enfrentamento da hiperinflação.

O juiz disse que é preciso ir além da redução do foro privilegiado e eliminar por completo essa prerrogativa, inclusive a magistrados. Disse também que é preciso criar bloqueios legislativos ao loteamento político das estatais, que levou às indicações políticas que permitiram desvios em empresas públicas como a Petrobras.

"O que se verifica é a quase completa omissão da classe política em promover medidas dessa espécie", declarou. Segundo Moro, a atuação única do Judiciário é insuficiente para resolver o problema e considerou ser uma grande responsabilidade colocar nas costas da Lava Jato a tarefa de reduzir a corrupção no Brasil. "Eu tinha a expectativa de que o tratamento [dos escândalos de corrupção] não ficasse restrito a cortes da Justiça", comentou.

Moro avaliou que as eleições do ano que vem serão uma oportunidade de mudança na política e considerou que, ainda que as agendas econômica e social sejam importantes, o combate a corrupção precisa estar no centro do debate. Disse ter curiosidade sobre o que pensam os potenciais candidatos a respeito do foro privilegiado e do loteamento das estatais. "É preciso que quem postule tenha respostas a essas questões".

Moro reafirmou que não pretende disputar qualquer cargo público porque isso colocaria em dúvida todo trabalho feito por ele até o momento. Disse que uma candidatura seria inapropriada neste momento e que também não vê essa possibilidade ocorrer no futuro. (Eduardo Laguna e Francisco Carlos de Assis - eduardo.laguna@estadao.com e Francisco.assis@estadao.com)
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