Por Iander Porcella
Brasília, 28/06/2022 - A bancada do PT no Senado entrou com uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta interferência do chefe do Executivo na operação da Polícia Federal que resultou na prisão do ex-ministro Milton Ribeiro. O ex-integrante do governo é suspeito de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência no caso do “gabinete paralelo” de pastores que atuavam no Ministério da Educação (MEC).
“Se confirmadas as suspeitas apontadas pelos senadores, o presidente da República pode responder pelos crimes de violação de sigilo processual e obstrução da Justiça”, diz o requerimento do PT, assinado pelos senadores Paulo Rocha (PA), líder do partido no Senado, Jean Paul Prates (RN), líder da Minoria, Humberto Costa (PE), Fabiano Contarato (ES), Jaques Wagner (BA), Paulo Paim (RS) e Zenaide Maia (RN).
O ex-ministro da Educação foi preso na semana passada, no âmbito das investigações sobre o chamado “gabinete paralelo” de pastores no MEC, que controlavam a distribuição de verbas a prefeituras, mas foi solto após o desembargador do TRF-1 Ney Bello cassar a prisão preventiva. O escândalo, revelado pelo Estadão, levou à queda de Ribeiro do comando do MEC, em 28 de março. O esquema envolvia a compra de Bíblias em que apareciam fotos do ministro e até mesmo pedidos de pagamento de propina em ouro.
Grampeado pela PF, Ribeiro disse à filha que recebeu ligação do presidente Jair Bolsonaro: “Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa”, afirmou. O inquérito, que havia sido transferido para a Justiça Federal em Brasília depois que o ex-ministro deixou o cargo em março e perdeu o foro privilegiado, foi enviado de volta ao STF diante das suspeitas de interferência de Bolsonaro na Operação Acesso Pago.
Mais cedo, a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara aprovou um convite para o ministro da Justiça, Anderson Torres, explicar as suspeitas de interferência do governo na operação. “Qualquer interferência numa investigação dessa magnitude deve ser apurada com rigor e identificados os responsáveis e os interesses que foram privilegiados, que certamente não se confundem com o interesse público e com a seriedade que se espera em situações da espécie”, dizia o pedido, protocolado pelo deputado Bohn Gass (PT-RS) e assinado pelo líder do partido na Câmara, Reginaldo Lopes (MG).
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