Política
02/11/2019 13:22

Estudo do Fed aponta que 'pouso forçado' da China terá impactos na economia global


Por: Ricardo Leopoldo, Correspondente

Nova York, 02/10/2019 - Uma forte desaceleração do produto interno bruto da China pode provocar um grande impacto no nível de atividade mundial, especialmente pelos canais do comércio e financeiro. As consequências seriam registradas com intensidade em muitos países, com destaque para os mercados emergentes exportadores de commodities e também para nações avançadas, segundo estudo produzido por economistas do Federal Reserve, o banco central dos EUA.

"Um pouso forçado da China poderá ser um grande evento global e levar a sérios impactos negativos para a economia mundial, especialmente se for estendido a mercados financeiros internacionais", escreveram Ahmed Shaghil, Ricardo Correa, Daniel A. Dias, Nils Gornemann, Jasper Hoek, Anil Jain, Edith Liu e Anna Wong.

De acordo com os autores, uma redução muito intensa do vigor da economia da China pode apreciar o dólar em nível internacional, os spreads relativos ao EMBI (Emerging Market Bond Index) poderão subir e o comércio mundial registrar uma significativa retração. Neste contexto, subirão os prêmios de risco para ativos financeiros em países em desenvolvimento, com fuga de recursos em direção aos EUA. "Além disso, deve ocorrer substancial queda dos preços do petróleo e de metais, pois a China é grande fonte de demanda de commodities".

O estudo aponta ainda que mercados emergentes exportadores devem registrar impacto em suas economias equivalente a 75% da magnitude de desaceleração do PIB da China. Em outros países em desenvolvimento sem grande conexão comercial com a nação asiática, o efeito será de 50%. Para países avançados, será de pouco mais de 33%, menos para os EUA.

Isso porque, segundo os autores, haveria um "impacto modesto" na economia americana, pois os canais diretos com a China, em termos comerciais e financeiros, são menores do que em outras nações. O Federal Reserve também teria maior capacidade de empregar a política monetária para amortecer o choque, condição bem inferior em outras economias ricas.

Contudo, os autores do estudo ressaltam que a forte redução da velocidade do crescimento da China pode ter uma consequência negativa nos mercados financeiros globais acima do esperado, inclusive nas principais bolsas de valores. Isso poderia ampliar os impactos em diversas economias analisadas, entre elas, a dos EUA.

Contato: Ricardo.leopoldo@estadao.com
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