São Paulo, 19/10/2017 - Enquanto o governador Geraldo Alckmin enfrenta dificuldades para conseguir do governo federal a liberação de recursos para as obras do Rodoanel, o prefeito João Doria esteve em Brasília nesta terça-feira e recebeu de ministros a garantia de investimentos em várias áreas da administração municipal.
Após um jantar reservado de duas horas com o presidente Michel Temer, Doria disse que um dos temas tratados foi um empréstimo de R$ 1 bi do BNDES para um programa de asfaltamento das ruas da cidade.
“Tratamos do empréstimo do BNDES para o asfalto no valor de R$ 1 bi, que vai sair. Está bem avançado. Vai ser aprovado antes do fim do ano e no começo do ano que vem (o programa) será colocado em prática”, disse Doria ao jornal o Estado de S.Paulo.
Do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), o prefeito ouviu a promessa de liberação de R$ 162 milhões para a construção de 22 creches e três CEU’s (Centros Educacionais Unificados da cidade de São Paulo). No final do encontro, Doria gravou um vídeo ao lado do ministro falando do investimento.
Na mesma linha, o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), prometeu liberar R$ 50 milhões para a construção de unidades habitacionais populares na capital.
Em um vídeo ao lado de Doria, o titular da pasta confirmou o investimento e ainda elogiou o colega tucano: “É um prazer trabalhar com a equipe competente do prefeito”.
Diferente. A boa vontade da administração Temer não foi a mesma quando o governador Geraldo Alckmin esteve em Brasília na semana retrasada cobrando a parte do Governo Federal - R$ 620 milhões - nas obras do Rodoanel. Na ocasião, Temer “ficou de verificar” a situação e o Ministério dos Transportes não apresentou um cronograma de pagamentos.
Em caráter reservado, aliados de Alckmin creditam a má vontade de Temer a decisão do governador de não cabalar votos entre os deputados paulistas para barrar a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente no plenário da Câmara.
“O governador Geraldo Alckmin não se movimentou e não vai se movimentar para pedir votos aos deputados”, disse o deputado Silvio Torres (PSDB), secretário geral do PSDB e aliado do governador.
Questionado se Temer pediu ajuda na votação sobre a denúncia da PGR, Doria desconversou: “Não tratamos desse assunto. Não houve solicitação da parte dele, portanto não houve resposta ao que não foi solicitado”.
A avaliação dos tucanos é que Doria não tem a mesma influência na bancada que Alckmin, mas representa hoje um contraponto ao padrinho político. Enquanto o governador, que é pré-candidato à Presidência, se movimenta com independência em relação ao Palácio do Planalto, o prefeito, que também pleiteia a vaga, se coloca como um aliado confiável e afinado com a ala governista do PSDB.
Planos. Doria é visto no PMDB e em parte do DEM como um potencial candidato à Presidência da situação em 2018. Já Alckmin espera disputar pelo seu partido, com apoio do PSB, com discurso de centro esquerda e sem o selo de aliado de Temer.
Na disputa interna pelo controle do PSDB, Doria se reaproximou de Aécio Neves e alinhou-se com o grupo dos “cabeças brancas”, que defende a manutenção da coalizão dos tucanos com Temer e o PMDB. Para aliados do prefeito, a aliança com esse campo pode ser a única chance de João Doria conseguir a indicação da legenda para disputar à Presidência da República no ano que vem. (Pedro Venceslau)