Política
26/04/2018 15:47

Grupo fraudava INSS ao inventar 'crianças falsas', diz PF


Rio, 26/04/2018 - Uma das quadrilhas acusadas de fraudar o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desmantelada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 26, inventava "crianças falsas" para conseguir benefícios no Rio. De acordo com as investigações, que resultaram na Operação Anjos, o grupo simulava, por documentos, casamentos entre pessoas já falecidas e, depois, apresentava certidões de nascimento de crianças do casal para conseguir a pensão.

Segundo a PF, pelo menos seis pessoas participavam deste suposto bando, entre advogados, falsificadores e empresários. Quatro delas foram presas, preventivamente, até às 11h30 desta quinta-feira, 26. Os beneficiários fictícios recebiam sempre em seu valor máximo a pensão, e o prejuízo estimado ao instituto é de R$ 12 milhões.

O grupo era investigado desde 2015. "Inventava" pessoas com certidões de nascimento e documentos de identidades falsos. Também foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 6.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, na capital, Nilópolis, Mesquita e Nova Iguaçu.

Em um dos endereços, segundo a delegada Simone Soares, foram encontrados álbuns com fotos 3x4 de crianças, mulheres e homens. "Elas seriam utilizadas para criar pessoas que seriam as beneficiárias da pensão e também para abrir, contas em banco, fazer cartões", disse a delegada.

"O problema é que não tem segurança para se criar esses documentos", completou o delegado Paulo Teles. De acordo Teles, havia duas vantagens em criar "crianças falsas" pela quadrilha, sempre após dois anos da morte do casal fictício. "A primeira era que o grupo conseguiria o benefício retroativo relativo a esse período. A outra era que, por ser criança, a pessoa poderia receber a pensão por mais tempo", disse o delegado.

Em outra operação contra fraudes no INSS desencadeada nesta quinta-feira, 26, denominada Sepulcro Caiado, a Polícia Federal cumpriu 32 mandados de busca e apreensão na capital fluminense, Duque de Caxias, São João de Meriti, Paracambi, Sepetiba, Niterói, São Gonçalo, Cabo Frio e Araruama. Três mandados de prisão preventiva foram expedidos; dois foram cumpridos pela manhã.

Nessa ação, foi investigada a atuação de uma organização criminosa, que contava com a suposta participação de um servidor do INSS. As fraudes também eram feitas por meio da produção e utilização de documentos falsos para a obter benefícios previdenciários irregulares.

O suposto chefe da quadrilha é um advogado, ex-servidor do INSS, já demitido da autarquia por corrupção. Ele continuou atuando em diversas fraudes, inclusive representando pessoas fictícias (fantasmas) em ações previdenciárias na Justiça. Outros dois servidores do INSS, um deles já demitido por corrupção, também participavam das fraudes. Estima-se em R$ 14 milhões o prejuízo causado à autarquia previdenciária, nesse caso.

Somadas as duas operações, a polícia estima que 140 benefícios tenham sido fraudados. O número, porém, pode ser ainda maior. "Levando em conta a expectativa de vida brasileira, conseguimos economizar pelo menos R$ 93 milhões dos cofres públicos por essas duas operações", disse o coordenador-geral de Inteligência da Previdência, Marcelo Ávila. (Constança Rezende)
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