Política
19/10/2018 15:18

Bolsonaro anuncia a rádio Ministério da Infraestrutura, se eleito, comandado por general


Recife, 19/10/2018 - O candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, anunciou nesta sexta-feira, 19, em entrevista a Rádio Folha, no Recife, que pretende recriar o Ministério da Infraestrutura e colocar um general do Exército para comandar a pasta. "Nosso futuro ministro da Infraestrutura deve ser um general, não porque é general, ele vem do quadro de engenheiros militares, há 12 anos é general do Exército e participou da construção de muita coisa pelo Brasil. Seria, no nosso entendimento, a pessoa adequada para ocupar esse ministério sempre envolvido em corrupção", afirmou Bolsonaro sem revelar o nome do militar escolhido.

Em mais um aceno aos eleitores nordestinos, que deram vitória Fernando Haddad (PT) no primeiro turno, o capitão reformado prometeu concluir as obras de transposição do Rio São Francisco e repetiu que há um desejo por parte do governo de Israel em fazer uma parceria para irrigação do semiárido. O deputado declarou ainda que vai criar o décimo terceiro do Bolsa Família e retomar os investimentos no Porto de Suape, em Pernambuco.

Bolsonaro se disse vítima de "fake news" propagadas pela campanha petista em relação à interrupção de programas sociais em um eventual governo. "Vamos combater a corrupção que há em programas do Bolsa Família. Combatendo as fraudes, vamos ter recursos para dar o décimo terceiro que o PT não quis dar em 2007", disse.

O candidato do PSL mudou o tom em relação à última vez que deu entrevista a uma rádio pernambucana, no início do mês, e atacou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, que é pernambucano. "O presidente Lula resolveu investir no Porto de Mariel, em Cuba, e deixou de lado o porto (de Suape) aí, ele sim discriminou o Nordeste, coisa que não faremos. Nós sabemos das restrições orçamentárias, mas vamos espremer de um lado ou de outro para o que o porto (de Suape) volte a funcionar a contento", declarou.

Desde 2013, com a promulgação da Lei dos Portos, o Porto de Suape foi incluído no Programa de Investimentos em Logística, e sua gestão ficou sob responsabilidade do governo federal. O retorno da administração do porto pelo Estado é uma demanda constante do governo de Pernambuco e do empresariado local.

Bolsonaro minimizou o fato de ter sido derrotado nos nove Estados do Nordeste e no Pará, destacando "a vitória em cinco das nove capitais" nordestinas. Em tom de apelo, o candidato do PSL pediu que os eleitores do Nordeste "se livrem do PT" e voltou a acusar Haddad de tentar implantar um "kit gay" e "querer ensinar filho de nordestino e de pobre a fazer sexo nas escolas". Na última terça-feira, a Justiça Eleitoral mandou que o Facebook e o YouTube removessem os vídeos em que Bolsonaro chama o programa Escola sem Homofobia de "kit gay".

"Com a verdade, desmonta Haddad, até porque ele não existe, tudo que precisa fazer ele vai no presídio", disse o capitão reformado.

O candidato do PSL qualificou como "fake news" as denúncias de que empresários estariam contratando empresas para realizar disparos em massa de mensagens de WhatsApp em favor de sua campanha.

Bolsonaro disse que não se reuniu com empresários depois que foi vítima da facada. E negou que tenha conversado com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), sobre a sucessão da presidência da casa e que não pretende fazer isso caso vença as eleições "porque o presidente eleito não pode interferir nas eleições da Câmara e do Senado". Questionado sobre a possível indicação de Luciano Bivar, presidente licenciado do PSL e deputado federal eleito, o presidenciável defendeu que o cargo seja ocupado por um político de outra legenda.

"Com todo carinho que tenho por Luciano Bivar, acredito que ele terá lugar na Mesa (Diretora) conosco, mas o presidente da Câmara, no meu entender, teria que ser de outro partido, para exatamente formarmos uma base lá dentro. Teremos a segunda maior bancada, para a governabilidade seria bom um bom cargo na mesa que pode ser ocupado por Bivar", argumentou.

Bolsonaro comentou ainda os recentes casos de violência vinculada a política. Para o presidenciável, os culpados pelas agressões não são seus apoiadores, mas adversários que querem colocar esses casos em sua "conta". O candidato do PSL lamentou a morte do mestre de capoeira Moa do Katendê, em Salvador, que foi assassinado a facadas na madrugada seguinte ao primeiro turno das eleições 2018 - segundo a polícia, o crime teve motivação política.

"Eu tive 49 milhões de votos, é uma parte muito pequena desse público que não me escuta. Não quero que morra gente por briga política ou de futebol. Peço para quem esteja me ouvindo que não entre em atrito, se começar a pintar uma discussão mais acalorada sobre eleições, sai fora, por que isso não leva a lugar nenhum", afirmou. (Kleber Nunes - kleber.nunes@estadao.com)
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