Brasília, 20/04/2018 - Em mais uma demonstração de confronto direto com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, o presidente Michel Temer condecorou com a Medalha Cruzeiro do Sul vários opositores ao governo venezuelano, entre eles Henrique Capriles, Leopoldo López e Marina Corino Machado.
Na cerimônia de comemoração do dia do diplomata, no Itamaraty, a vereadora Marielle Franco, morta há mais de um mês a tiros, no Rio de Janeiro, também foi homenageada, ao ter o seu nome escolhido para batizar a turma de formandos do Rio Branco. Em discurso, o presidente Temer "se associou" à homenagem e classificou o seu assassinato como "inaceitável e covarde", lembrando que episódio "chocou, não só o País, como o mundo".
Depois de avisar que as investigações para identificar os responsáveis pelas mortes de Marielle e do motorista Anderson Gomes "avançam com método e critério" e que "as autoridades trabalham para que responsáveis sejam identificados e levados à Justiça", o presidente lembrou que ela teve "sua trajetória política brutalmente e covardemente interrompida".
Segundo o presidente, "seus assassinos não conseguiram e não conseguirão, como disse o ministro Aloysio (Nunes Ferreira, das Relações Exteriores), matar o que ela representa, uma mulher batalhadora, que lutava por aquilo que acreditava ser o melhor, para o brasileiro e próprio Brasil". O ministro, criticou a divulgação de notícias falsas sobre a vereadora e comentou que a morte de Marielle "é uma ferida que não se fecha".
Carreira
Ao falar sobre a carreira diplomática, o presidente Temer lembrou que a diplomacia é um "sacerdócio", que o ofício "exige dedicação permanente e sacrifícios pessoais" e citou a missão de "prestigiar o nosso País no exterior e contestar, quando necessário fosse, as eventuais agressões verbais ou discursivas em relação ao nosso País".
O presidente e seu governo estão indignados com a postura da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que gravou entrevista para a TV árabe Al-Jazira atacando as instituições brasileiras, ao alegar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado por "juízes parciais em um processo ilegal".
Apesar de ouvir queixas da diplomata Teresa Quintela, patrona dos formandos, em relação à pequena representatividade do número de mulheres na cúpula do Ministério das Relações Exteriores, Temer limitou-se a elogiar a sua trajetória profissional, que a fez chegar ao posto mais alto da carreira. Temer relembrou também que, quando foi secretário de Segurança do Estado de São Paulo, criou a primeira delegacia da mulher.
Já Aloysio defendeu a promoção na carreira pelo mérito, reconheceu que a turma que se formava neste dia tinha apenas um terço de mulheres, comemorou que a próxima terá 40% e defendeu que as mulheres possam ascender a postos de relevo. Em sua fala, Aloysio defendeu "igualdade de oportunidade nos postos importantes" da diplomacia, a necessidade de se prestigiar a promoção por mérito e condenou a "tão detestada carona" nas promoções.
Medalhas
Além de conceder a Medalha Cruzeiro do Sul para os venezuelanos, o presidente Temer, na cerimônia, condecorou ainda cinco ministros com a Medalha Ordem do Rio Branco. Na oportunidade, o presidente deveria entregar a mesma medalha à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, mas ela não compareceu à solenidade. (Tânia Monteiro)
